EVANGELHO DE JESUS CRISTO

sábado, 3 de outubro de 2015

A VONTADE DE DEUS

DEFINIÇÃO DA VONTADE DE DEUS.

De modo geral, a Bíblia refere-se à vontade de Deus em três sentidos diferentes:

(1) A vontade de Deus é outra maneira de se identificar a Lei de Deus. Davi, por exemplo, forma um paralelo entre a frase"tua lei" e "tua vontade" no Sl 40.8. Semelhantemente, o apóstolo Paulo considera que, conhecer a Deus é sinônimo de conhecer a sua vontade (Rm 2.17,18). Noutras palavras: como em sua Lei o Senhor nos instrui no caminho que Ele traçou, ela pode ser apropriadamente chamada "a vontade de Deus". "Lei" significa essencialmente "instrução", e inclui a totalidade da Palavra de Deus.

(2) Também se emprega a expressão "a vontade de Deus" para designar qualquer coisa que Ele explicitamente quer. Pode ser corretamente designada de "a perfeita vontade" de Deus. E a vontade revelada de Deus é que todos sejam salvos (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9) e que nenhum crente caia da graça (ver Jo 6.39 nota). Isso não quer dizer que todos serão salvos, mas apenas que Deus deseja a salvação de todos.

(3) Finalmente, a "vontade de Deus" pode referir-se àquilo que Deus permite, ou deixa acontecer, embora Ele não deseje especificamente que ocorra. Tal coisa pode ser corretamente chamada 'a vontade permissiva de Deus". De fato, muita coisa que acontece no mundo é contrária à perfeita vontade de Deus (e.g., o pecado, a concupiscência, a violência, o ódio, e a dureza de coração ), mas Ele permite que o mal continue por enquanto. A chamada de Jonas para ir a Nínive fazia parte da perfeita vontade de Deus, mas sua viagem na direção oposta estava dentro de sua vontade permissiva (ver Jn 1). Além disso a decisão de muitas pessoas permanecerem sem salvação é permitida por Deus. Ele não impõe a fé aos que recusam a salvação mediante o seu Filho. Semelhantemente, muitas aflições e males que nos acometem são permitidos por Deus (1 Pe 3.17; 4.19), mas não é desejo seu que soframos (ver 1 Jo 5.19 nota).

FAZENDO A VONTADE DE DEUS.

O ensino bíblico a respeito da vontade de Deus não expressa apenas uma doutrina. Afeta nossa vida diária como crentes.

(1) Primeiro, devemos descobrir qual é a vontade de Deus, conforme revelada nas Escrituras. Como os dias em que vivemos são maus, temos de entender qual a perfeita e agradável vontade de Deus (Ef 5.17).

(2) Uma vez que já sabemos como Ele deseja que vivamos como crentes, precisamos dedicar-nos ao cumprimento da sua vontade. O salmista, por exemplo, pede a Deus que lhe ensine a "fazer a tua vontade" (Sl 143.10). 
Ao pedir, igualmente, que o Espírito o guie "por terra plana", indica que, em essência, está rogando a Deus a capacidade de viver uma vida de retidão. Semelhantemente, Paulo espera que os cristãos tessalonicenses sigam a vontade divina, evitando a imoralidade sexual, e vivendo de maneira santa e honrosa 
(1 Ts 4.3,4). Noutro lugar, Paulo ora para que os cristãos recebam a plenitude do conhecimento da vontade divina, a fim de viverem "dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo" (Cl 1.9,10).

(3) Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (cf. Mt 6.10; 26.42; Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15). Devemos desejar, com sinceridade, a perfeita vontade de Deus, e ter o propósito de cumpri-la em nossa vida e na vida de nossa família (ver Mt 6.10 nota). Se essa for a nossa oração e compromisso, teremos total confiança de que o nosso presente e futuro estarão sob os cuidados do Pai (cf. At 18.21; 1 Co 4.19; 16.7). Se, porém, há pecado deliberado em nossa vida, e rebelião contra a sua Palavra, Deus não atenderá as nossas orações. Não poderemos esperar que a vontade divina seja feita na terra como no céu, a não ser que nós mesmos procuremos cumprir a sua vontade em nossa própria vida.

(4) Finalmente, não podemos usar a vontade de Deus como desculpa pela passividade, ou irresponsabilidade, no tocante à sua chamada para lutarmos contra o pecado e a mornidão espiritual. É Satanás, e não Deus, o culpado por essa era maligna, com a sua crueldade, maldade e injustiça (ver 1 Jo 5.19 nota). É também Satanás quem causa grande parte da dor e sofrimento no mundo (cf. Jó 1.6-12; 2.1-6; Lc 13.16; 2 Co 12.7). Assim como Jesus veio para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8), assim também é da vontade explícita de Deus que batalhemos contra as hostes espirituais da maldade por meio do Espírito Santo (Ef 6.10-20; 1 Ts 5.8).

A NATUREZA HUMANA

De todas as criaturas que Deus fez, o ser humano é incomparavelmente superior e também a mais complexa. Por seu orgulho, no entanto, o ser humano comumente se esquece de que Deus é o seu Criador, que ele é um ser criado, e que depende de Deus. Este estudo examina a perspectiva bíblia da natureza humana.

A NATUREZA HUMANA À IMAGEM DE DEUS.

(1) A Bíblia ensina claramente que Deus, mediante decisão especial criou a raça humana, à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Portanto nem Adão nem Eva são produtos de evolução (Gn 1.27; Mt 19.4; Mc 10.6). Por terem sido criados à semelhança de Deus. Adão e Eva podiam comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele e espelhar o seu amor, glória e santidade (ver Gn 1.25 nota).

(2) Note-se pelo menos três diferentes aspectos da imagem de Deus na raça humana (ver Gn 1.26 nota): Adão e Eva tinham semelhança moral com Deus, por serem justos e santos (cf. Ef 4.24), com um coração capaz de amar e também determinado a fazer o que era bom. Tinham semelhança com Deus na inteligência, pois foram criados com espírito, emoções e capacidade de escolha (Gn 2.19,20; 3.6,7). Deus plasmou no ser humano a imagem em que Ele mesmo lhe apareceria visivelmente no AT  (Gn 18.1,2), e na forma que seu Filho um dia tomaria (Lc 1.35; Fp 2.7).

(3) Quando Adão e Eva pecaram, essa imagem de Deus neles, foi seriamente danificada, mas não totalmente destruída. (a) Inevitavelmente, a semelhança moral de Deus, no homem, ficou arruinada quando Adão e Eva pecaram (cf. Gn 6.5); deixaram de ser perfeitos e santos e passaram a ser propensos ao pecado; propensão esta, ou tendência que transmitiriam aos filhos (cf. Gn 4.; ver Rm 5.12 nota). O NT confirma o estrago da imagem de Deus no homem, quando declara que o crente redimido deve ser renovado segundo a semelhança moral de Deus (cf. Ef 4.22,24; Cl 3.10); (b) Apesar de o ser humano ser pecador como é, ainda retém uma porção elevada da semelhança de Deus, na sua inteligência, e na capacidade de comunhão e comunicação co Ele (cf. Gn 3.8-19; At 17.27,28).

COMPONENTES DA NATUREZA HUMANA.

A Bíblia revela que a natureza humana, criada à imagem de Deus, é trina e una, composta de três componentes, a saber: espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23; Hb 4.12).

(1) Deus formou Adão do pó da terra (seu corpo) e soprou nas suas narinas o fôlego da vida (seu espírito), e ele tornou-se um ser vivente (sua alma: Gn 2.7). A intenção de Deus era que o ser humano, pelo comer da árvore da vida e pela obediência à sua proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, nunca morresse, mas vivesse para sempre (cf. Gn 2.16,17; 3.22-24). Somente depois da morte entrar no mundo, como resultado do pecado humano, é que passou a haver a separação da pessoa, em pó que volta à terra e no espírito que volta a Deus (Gn 3.19; 35.18,19; Ec 2.7; Ap 6.9). Noutras palavras, a separação entre o corpo, por um lado, e o espírito e a alma, por outro, é resultado do juízo divino sobre a raça humana por causa do pecado, e esse juízo somente será removido mediante a ressurreição do corpo no último dia.

(2) A alma (hb. nephesh; gr. psyche), frequentemente traduzida por "vida", pode ser definida, de modo resumido, como os aspectos imateriais da mente, das emoções e da vontade, no ser humano, resultantes da união entre o espírito e o corpo. A alma, juntamente com o espírito humano, continuará a existir após a  morte física da pessoa. A alma está tão ligada à natureza imaterial do ser humano, que às vezes, o termo "alma" é usado como sinônimo de "pessoa" (e.p. Lv 4.2; 7.20; Js 20.3). O corpo (hb. basar; gr. soma) pode ser definido, em resumo, como o componente do ser humano que volta ao pó quando a pessoa morre (ás vezes, é chamado "carne"). O espírito (hb. ruach; gr. pneuma) pode ser definido, em resumo, como o componente imaterial do ser humano, em que reside nossa faculdade espiritual, inclusive a consciência. É principalmente através desse componente que se tem comunhão com o Espírito de Deus.

(3) Desses três componentes, que constituem a completa natureza humana, somente o espírito e a alma são indestrutíveis e sobrevivem à morte, para então seguirem para o céu (Ap 6.9; 20.4) ou para o inferno (cf. Sl 16.10; Mt 16.26). Quanto ao corpo, a Bíblia ensina repetidamente que enquanto o crente aqui viver, deve cuidar bem do seu corpo, através da sua conservação, isento de imoralidade e de iniquidade (Rm 6.6,12,13; 1 Co 6.13-20; 1 Ts 4.3,4) e da sua dedicação ao serviço de Deus (Rm 6.13; 12.1). O corpo dos salvos será transformado no dia da ressurreição, quando então a sua redenção estará completa; isto para os que estão em Cristo Jesus.

AS RESPONSABILIDADES DO SER HUMANO.

Quando Deus criou o ser humano, Ele lhe confiou várias responsabilidades.
(1) Deus o criou à sua própria imagem a fim de poder manter comunhão com ele, de modo amoroso e pessoal por toda eternidade, e para que ele o glorificasse como Senhor. Deus desejava de tal maneira que o ser humano o amasse, o glorificasse, e vivesse em santidade e justiça diante dEle, que quando Satanás induziu Adão e Eva à rebelião e desobediência a Deus, o Senhor prometeu que enviaria um Salvador a fim de redimir o mundo (ver Gn 3.15 nota).

(2) Era a vontade de Deus que o ser humano o amasse acima de tudo e amasse o seu próximo como a si mesmo. Esse duplo mandamento do amor, resume a totalidade da lei de Deus (Lv 19.18; Dt 6.4,5; Mt 22.37-40; Rm 13.9,10).

(3) Também no Jardim do Éden, Deus estabeleceu a instituição do casamento (Gn 2.21-24). O propósito de Deus é que o casamento seja monogâmico e vitalício (cf. Mt 19.5-9; Ef 5.22-33). Dentro dos limites do casamento, Deus ordenou que a raça humana fosse frutífera e se multiplicasse (Gn 1.28; 9.7). O homem e a mulher deviam gerar filhos tementes a Deus, no ambiente do lar. Deus vê a família cristã e a criação de filhos, sob a convivência salutar doméstica, como uma alta prioridade no mundo (ver Gn 1.28 nota). 

(4) Deus também ordenou que Adão e seus descendentes sujeitassem a terra. Ele disse: "dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra" (Gn 1.28). Ainda no Jardim do Éden, a Adão foi confiada a responsabilidade de cuidar do jardim e de dar nomes aos animais (Gn 2.15,19,20).

(5) Note-se que quando Adão e Eva pecaram por comerem do fruto proibido, eles perderam parte do seu domínio sobre o mundo, a qual foi entregue a Satanás que, agora como "deus deste século", (2 Co 4.4) controla este presente mundo mau (ver 1 Jo 5.19 nota; cf. Gl 1.4; Ef 6.12). Ainda assim, Deus espera que os crentes cumpram o seu divino propósito quanto à terra, a saber: cuidar divinamente dela; dedicar tudo dela a Deus e administrar sua criação de modo a glorificar a Deus (cf. Sl 8.6-8; Hb 2.7,8).

(6) Por causa da presença do pecado no mundo, Deus enviou o seu Filho Jesus para redimir o mundo. A tarefa transcendente de transmitir a mensagem do amor redentor de Deus foi confiada aos salvos, pois foi a eles que Ele chamou para serem testemunhas de Cristo e da sua salvação, até aos confins da terra (Mt 28.18-20; At 1.8) e para serem luz do mundo e sal da terra (Mt 5.13-16).