EVANGELHO DE JESUS CRISTO

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO

Êxodo 20.1,2 "Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão."
Um dos aspectos mais importante da experiência dos israelitas no monte Sinai foi o de receberem a lei de Deu através do seu líder, Moisés.
A Lei Moisaica (hb. Torah, que significa "ensino"), admite uma tríplice divisão:
(a) a lei moral, que trata das regras determinadas por Deus para um santo viver (20.1-17);
(b) a lei civil, que trata da vida jurídica e social de Israel como nação (21.1 - 23.33); e
(c) a lei cerimonial, que trata da forma e do ritual da adoração ao Senhor por Israel, inclusive o sistema sacrificial, que (24.12 - 31.18). Note os seguintes fatos no tocante à natureza e à função da lei no Antigo Testamento.
(1) A lei foi dada por Deus em virtude do concerto que Ele fez com o seu povo.
Ela expunha as condições do concerto a que o povo devia obedecer por lealdade ao Senhor Deus, a quem eles pertenciam.
Os israelitas aceitaram formalmente essas obrigações do concerto (24.1-8; ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS. BREVE).
(2) A obediência de Israel à lei devia fundamentar-se na misericórdia redentora de Deus e na sua libertação do povo (19.4).
(3) A lei revela a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1- 24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33).
A lei não foi dada como um meio de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo.
Os israelitas deviam obedecer à lei mediante a graça de Deus a fim de perseverarem na fé e cultuarem também por fé, ao Senhor (Dt 28.1,2; 30.15-20)
(4) Tanto no AT quanto no NT, a total confiança em Deus e na sua Palavra (Gn 15.6), e o amor sincero a Ele (Dt 6.5), formaram o fundamento para a guarda dos seus mandamentos.
Israel fracassou exatamente nesse ponto, pois constantemente aquele povo não fazia da fé em Deus, do amor para com Ele de todo o coração e do propósito de andar nos seus caminhos, o motivo de cumprirem a sua lei.
Paulo declara que Israel não alcançou a justiça que a lei previa, porque "não foi pela fé" que buscavam (Rm 9.32).
(5) A lei ressaltava a verdade eterna que a obediência a Deus, partindo de um coração cheio de amor (ver Gn 2.9 nota; Dt 6.5 nota) levaria a uma vida feliz e rica de bênçãos da parte do Senhor (cf. Gn 2.16 nota; Dt 4.1,40; 5.33; 8.1; Sl 119.45; Rm 8.13; 1 Jo 1.17).
(6) A lei expressava a natureza e o carácter de Deus, i.e., seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal. Os fiéis israelitas deviam guardar a lei moral de Deus, pois foram criados à sua imagem (Lv 19.2).
(7) A salvação no AT jamais teve por base a perfeição mediante a guarda de todos os mandamentos. 
Inerente no relacionamento entre Deus e Israel, estava o sistema de sacrifício, mediante os quais, o transgressor da lei obtinha o perdão, quando buscava a misericórdia de Deus, com sinceridade, arrependimento e fé, conforme a provisão divina expiatória mediante o sangue.
(8) A lei e o concerto do AT não eram perfeitos, nem permanentes. A lei funcionava como um tutor temporário para o povo de Deus até que Cristo viesse (Gl 3.22-26).
O antigo concerto agora foi substituído pelo novo concerto, no qual Deus revelou plenamente o seu plano de salvação mediante Jesus Cristo (Rm 3.24-26; ver Gl 3.19, nota com matéria adicional sobre a natureza e função da lei no AT).
(9) A lei foi dada por Deus e acrescentada à promessa "por causa das transgressões" (Gl 3.19); i.e., tinha o propósito (a) de prescrever a conduta de Israel; (b) definir o que era pecado; (c) revelar aos israelitas a sua tendência inerente de transgredir a vontade de Deus e de praticar o mal, e (d) despertar neles o sentimento da necessidade da misericórdia, graça e redenção divina (Rm 3.20; 5.20; 8.2).
Deus abençoe todos vocês em Cristo Jesus. Amém!

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A ORAÇÃO EFICAZ (COMPLETO)

1 Reis 18.42b-45 "Elias subiu ao cume do Camelo, e se inclinou por terra, e meteu o seu rosto entre os seus joelhos. 
E disse ao seu moço: Sobe agora e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não há nada. Então, disse ele: Torna lá sete vezes. Então sucedeu que, à sétima vez, disse: 
Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão de um homem, subindo do mar. Então disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe. 
E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel".
A ORAÇÃO EFICAZ
A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor.
Além de palavras como "oração" e "orar", essa atividade é descrita como invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do Senhor (Gn 4.26), clamar ao Senhor (Sl 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl 25.1), buscar ao Senhor (Is 55.6), aproximar-se do trono da graça com confiança (Hb 4.16) e chegar perto de Deus (Hb 10.22).
MOTIVOS PARA A ORAÇÃO.
A Bíblia apresenta motivos claros para o povo de Deus orar.
(1) Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore.
O mandamento para orarmos vem através dos salmistas (1 Cr 16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos (Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão conosco; mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.
(2) A oração é o elo de ligação que carecemos para recebermos as bênçãos de Deus, o seu poder e o cumprimento das suas promessas.
Numerosas passagens bíblicas ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13). 
Por isso, depois da acensão de Jesus seus seguidores reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At 1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no dia de Pentecostes (At 2.1-4).
Quando os apóstolos reuniram após ser libertos da prisão pelas as autoridades judaicas, oraram fervorosamente para o Espírito Santo lhes concede ousadia e autoridade divina para falarem a palavra dEle. "E tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus" (At 4.31).
O apóstolo Paulo frequentemente pedia oração em seu próprio favor, sabendo que a sua obra não prosperaria se os crentes não orassem por ele (Rm 15.30-32; 2 Co 1.11; Ef 6.18,20; Fp 1.19; Cl 4.3,4; ver o estudo INTERCESSÃO). Tiago declara inequivocamente que o crente pode receber a cura física em resposta à "oração da fé" (Tg 5.14,15).
(3) Deus, no seu plano de salvação da humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus cooperadores no processo da redenção.
Em certo sentido, Deus se limita às orações santas, de fé e incessantes do seu povo.
Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não houver oração intercessória dos crentes (ver Êx 33.11 nota). 
Por exemplo: Deus quer enviar obreiros para evangelizar.
Cristo ensina que tal obra não será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus sem as orações do seu povo: 
"Rogai, pois, ao Senhor da seara que lhe mande ceifeiros para sua seara" (Mt 9.38). Noutras palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus propósitos é liberado somente através das orações contritas do seu povo em favor do seu reino.
Se não orarmos, poderemos até mesmo estovar a execução do propósito divino da redenção, tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja coletivamente.
REQUISITOS DA ORAÇÃO EFICAZ.
Nossa oração para ser eficaz precisa satisfazer certos requisitos.
(1) Nossas orações não serão atendidas se não tivermos fé genuína, verdadeira.
Jesus declarou abertamente: "Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis" (Mc 11.24). Ao pai de um menino endemoniado, Ele falou assim: "Tudo é possível ao que crê" (Mc 9.23). O autor de Hebreus admoesta-nos assim: "Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé" (Hb 10.22), e Tiago encoraja-nos a pedir com fé, não duvidando (Tg 1.6; cf. 5.15).
(2) Além disso, a oração deve ser feita em nome de Jesus. O próprio Jesus expressou esse princípio ao dizer: "E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (Jo 14.13,14).
Nossas orações devem ser feitas em harmonia com a pessoa, caráter e vontade de nosso Senhor (ver Jo 14.3 nota).
(3) A oração só poderá ser eficaz se feita segundo a perfeita vontade de Deus. "E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos algumas coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve" (1 Jo 5.14; ver o estudo A VONTADE DE DEUS).
Uma das petições da oração modelo de Jesus, o Pai Nosso, confirma esse fato: "Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt 6.10; Lc 11.2; nota a oração do próprio Jesus no Getsêmani, Mt 26.42).
Em muitos casos, sabemos qual é a vontade de Deus, porque Ele no-la revelou na Bíblia.
Podemos ter certeza que será eficaz toda oração realmente baseada nas promessas de Deus constantes da sua Palavra. 
Elias tinha certeza de que o Deus de Israel atenderia a sua oração por meio do fogo e, posteriormente, da chuva, porque recebera a palavra profética do Senhor (18.1) e estava plenamente seguro de que nenhum deus pagão era maior do que o Senhor Deus de Israel, nem mais poderoso (18.21-24).
(4) Não somente devemos orar segundo a vontade de Deus, mas também devemos estar dentro da vontade de Deus, para que Ele nos ouça e atenda. Deus nos dará as coisas que pedimos, somente se buscarmos em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça (ver Mt 6.33 nota).
Apóstolo João declara que "qualquer coisa que lhe pedirmos, dEle a receberemos, porque guardamos os aos mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista" (1 Jo 3.22 nota). 
Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradá-lo são condições prévias e indispensáveis para termos respostas às orações.
Tiago ao escrever que a oração do justo é eficaz, refere-se tanto à pessoa que foi justificada pela fé em Cristo, quanto à pessoa que está a viver uma vida reta, obediente e temente a Deus - tal qual o profeta Elias (Tg 5.16-18; Sl 34.13,14).
O AT acentua este mesmo ensino.
Deus tornou claro que as orações de Moisés pelos israelitas eram eficazes por causa do seu relacionamento obediente com o Senho e da sua lealdade a Ele (ver Êx 33.17 nota).
Por outro lado, o salmista declara que se abrigarmos o pecado em nossa vida, o Senhor não atenderá as nossas orações (Sl 66.18; ver Tg 4.5 nota). Eis a razão principal por que o Senhor não atendia as orações dos israelitas idólatras e ímpios (Is 1.15). Mas se o povo de Deus arrepender-se e voltar-se dos seus caminhos ímpios, o Senhor promete voltar a atendê-lo, perdoar seus pecados e sarar a sua terra (2 Cr 7.14; cf. 6.36-39; Lc 18.14).
Note que a oração do sumo sacerdote pelo perdão dos pecados dos israelitas no Dia da Expiação não seria atendida se antes o seu próprio estado pecaminoso não fosse purificado (ver Êx 26.33 nota; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO).
(5) Finalmente, para uma oração eficaz, precisamos ser perseverantes.
É essa a lição principal da parábola da viúva importuna (Lc 18.1-7; ver 18.1 nota).
A instrução de Jesus:
"Pedi... buscar... batei", ensina a perseverança da oração (ver Mt 7.7,8 nota).
O apóstolo Paulo também nos exorta à perseverança na oração (Cl 4.2 nota; 1 Ts 5.17 nota). Os santos do AT também reconheciam esse princípio. Por exemplo, foi somente enquanto Moisés perseverava em oração com suas mãos erguidas a Deus, que os israelitas venciam na batalha contra os amalequitas (ver Êx 17.11 nota).
Depois de Elias receber a palavra profética de que ia chover, ele continuou em oração até a chuva começar a cair (18.41-45). 
Numa ocasião anterior, esse grande profeta orou com insistência e fervor, para Deus devolver a vida ao filho morto da viúva de Serepta, até que sua oração foi atendida (17.17-23).
PRINCÍPIOS E MÉTODOS BÍBLICOS DA ORAÇÃO EFICAZ.
(1) Quais são os princípios da oração?
(a) Para orarmos com eficácia, devemos louvar e adorar a Deus com sinceridade (Sl 150; At 2.47; Rm 15.11; ver o estudo O LOUVOR A DEUS).
(b) Intimamente ligada ao louvor, e de igual importância, vem a ação de graças a Deus (Sl 100.4; Mt 11.25,26; Fp 4.6).
(c) A confissão sincera de pecados conhecidos é vital à oração da fé 9Tg 5.15,16; Sl 51; Lc 18.13; 1 Jo 1.9).
(d) Deus também nos ensina a pedir de acordo com as nossas necessidades, segundo está escrito em Tiago: deixemos de receber as coisas de que precisamos, ou porque não pedimos, ou porque pedimos com motivos injustos (Tg 4.2,3; Sl 27.7-12; Mt 7.7-11; Fp 4.6).
(e) Devemos orar de coração pelos os outros, especialmente oração intercessória (Nm 14.13-19; Sl 122.6-9; Lc 22.31,32; 23.34; ver o estudo A INTERCESSÃO).
(2) Como devemos orar? Jesus acentua a sinceridade do nosso coração, pois não somos atendidos na oração simplesmente pelo nosso falar de modo vazio (Mt 6.7).
Podemos orar em silêncio (1 Sm 1.13) ou em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13).
Podemos orar com nossas próprias palavras, ou usando palavras diretas das Escrituras.
Podemos orar com a nossa mente, ou podemos orar através do Espírito Santo (i.e., sem usar qualquer palavra humana (Rm 8.26), sabendo que o Espírito levará a Deus esses pedidos inaudíveis.
Ainda outro método de orar é cantar ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16).
A oração profunda ao Senhor será, às vezes, acompanhada de jejum (Ed 8.21; Ne 1.4; Dn 9.3,4; Lc 2.37; At 14.23; ver Mt 6.16 nota).
(3) Qual a posição apropriada, do corpo, na oração? A Bíblia está cheia de exemplos de orações que foram poderosas e eficazes.
(1) Moisés fez numerosas orações intercessórias às quais Deus atendeu, mesmo depois de Ele dizer a Moisés que ia proceder de outra maneira (ver o estudo A INTERCESSÃO)
(2) Sansão, arrependido, orou pedindo uma última oportunidade de cumprir sua missão máxima de derrotar os filisteu; Deus atendeu essa oração ao lhe dar forças suficientes para derrubar as colunas do prédio onde os inimigos estavam exaltando o poder dos seus deuses (Jz 16.21-30).
(3) Deus respondeu às orações de Elias em pelo menos quatro grandes ocasiões; em todas elas redundaram em glória ao Deus de Israel (17-18; Tg 5.17,18).
(4) O rei Ezequias adoeceu e Isaías lhe declarou que morreria (2 Rs 20.1; Is 38.1). Ezequias, reconhecendo que sua vida e obra estavam incompletas, virou o rosto para parede e orou intensamente a Deus pera que prolongasse sua vida. Deus mandou Isaías retornar a Ezequias para garantir a cura e mais quinze anos de vida (2 Rs 20.1-6; Is 38.2-6).
(5) Não há dúvida de que Daniel orou ao Senhor na cova dos leões, pedindo para não ser devorado por eles, e Deus atendeu o seu pedido (Dn 6.10,16-22).
(6) Os cristãos primitivos oraram incessantemente a Deus pela libertação de Padro da prisão, e Deus enviou um anjo para libertá-lo (At 12.3-11; cf. 12.5 nota). Tais exemplos devem fortalecer a nossa fé e encher-nos de disposição para orarmos de modo eficaz, segundo os princípios na Bíblia.
Deus abençoe todos vocês em Cristo Jesus. Amém!

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A CHAMADA DE ABRAÃO

Gênesis 12.1-3 "Ora, o SENHOR disse a Abraão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem; e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra."
A CHAMADA DE ABRAÃO.
A chamada de Abraão (posteriormente chamado Abraão, 17.5), conforme a narrativa de Gênesis 12, dá início a um novo capítulo na revelação do AT sobre o propósito divino de redimir e salvar a raça humana.
A intenção de Deus era que houvesse um homem que o conhecesse e o servisse e guardasse os seus caminhos (ver 18.19 nota).
Dessa família surgiria uma nação escolhida, de pessoas que se separassem das práticas ímpias doutras nações, para fazerem a vontade de Deus. Dessa nação viria Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o prometido descendente da mulher (ver 3.15 nota; Gl 3.8,16,18).
Vários princípios importantes podem ser deduzidos da chamada de Abraão.
(1) A chamada de Abraão levou-o a separar-se da sua pátria, do seu povo e dos seus familiares (12.1), para tornar-se estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.13).
Em Abraão, Deus estava estabelecendo o princípio importante de que os seus deviam separar-se de tudo quanto possa impedir o propósito divino na vida deles (ver o estudo A SEPARAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE e O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE  E O MUNDO).
(2) Deus prometeu a Abraão uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes e uma bênção que alcançaria todas as nações da terra (12.2,3).
O NT ensina claramente que a última parte dessa promessa cumpre-se hoje na proclamação missionária do evangelho de Cristo (At 3.25; Gl 3.8).
(3) Além disso, a chamada de Abraão envolvia, não somente uma pátria terrestre, bem como uma celestial.
Sua visão alcançava um lar definitivo não mais na terra, e sim no céu; uma cidade cujo artificie e construtor é o próprio Deus.
A partir de então, Abraão desejava e buscava uma pátria celestial onde habitaria eternamente com Deus em justiça, alegria e paz (Hb 11.9,10, 14-16; Ap 21.1-4; 22.1-5).
Até então, ele seria estrangeiro e peregrino na terra (Hb 11.9,13).
(4) A chamada de Abraão continha não somente promessas, como também compromisso.
Deus requeria de Abraão a obediência quanto a dedicação pessoal a Ele como Senhor para que recebesse aquilo que lhe fora prometido. 
A obediência e a dedicação demandavam: 
(a) confiança na palavra de Deus, mesmo quando o cumprimento das promessas pareciam humanamente impossível (15.1-6; 18.10-14),
(b) obediência à ordem de Deus para deixar a sua terra (12.4; Hb 11.8),
(c) um esforço sincero para viver uma vida de retidão (17.1,2).
(5) A promessa de Deus a Abraão e a sua bênção sobre ele, estendem-se, não somente aos seus descendentes físicos (i.e., os judeus crentes),  como também a todos aqueles que com fé genuína (12.3) aceitarem e seguirem a Jesus Cristo, a verdadeira "posteridade" de Abraão (Gl 3.14,16).
Todos os que são da fé como Abraão, são "filhos de Abraão" (Gl 3.7) e são abençoados juntamente com ele (Gl 3.9).
Tornam-se posteridade de Abraão, herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29), o que inclui o receber pela fé "a promessa do Espírito" em Cristo Jesus (ver Gl 3.14 nota).
(6) Por Abraão possuir uma fé em Deus, expressa pela obediência, dele se diz que é o principal exemplo da verdadeira fé salvífica (15.6; Rm 4.1-5,16-24; Gl 3.6-9; Hb 11.8-19; Tg 2.21-23; ver 15.6 nota).
Biblicamente, qualquer profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador que não requer obediência a Ele como Senhor não é a classe de fé que Abraão possuía e, portanto, não é a verdadeira fé salvífica (ver Jo 3.36 nota; e o estudo FÉ E GRAÇA).

domingo, 18 de novembro de 2018

O SOFRIMENTO DOS JUSTOS (PARTE FINAL 3)

Jó 2.7,8 "Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza."
CONTINUAÇÃO
(7) Finalmente, Deus pode usar, e usa mesmo, o sofrimento dos justos para propagar o seu reino e seu plano redentor.
Por exemplo: toda injustiça por que José passou nas mãos dos seus irmãos e dos egípcios faziam parte do plano de Deus "para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento" (Gn 45.7); ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA). O principal exemplo, aqui, é o sofrimento de Cristo, "o Santo e o Justo" (At 3.14), que experimentou perseguição, agonia e morte para que o plano divino da salvação fosse plenamente cumprido.
Isso não exime da iniquidade aquela que o crucificaram (At 2.23), mais indica, sim, como Deus pode usar o sofrimento dos justos pelos pecadores, para seus próprios propósitos e sua própria glória.
O RELACIONAMENTO DE DEUS COM O SOFRIMENTO DO CRENTE.
(1) O primeiro fato a ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofrer. Satanás é o deus deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade permissiva de Deus (cf. 1 - 2; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DIVINA e a VONTADE DE DEUS). 
Deus promete na sua palavra que Ele não permitirá sermos tentados além do que podemos suportar (1 Co 10.13).
(2) Temos também de Deus a promessa que Ele converterá em bem todos os sofrimentos (ver Rm 8.28 nota). 
José verificou esta verdade na sua própria vida de sofrimento (cf. Gn 50.20), e o autor de Hebreus demonstra como Deus usa os tempos de aperto da nossa vida para nosso próprio crescimento e benefício (ver Hb 12.5 nota).
(3) Além disso, Deus promete que ficará conosco na hora da dor; que andará conosco "pelo vale da sobra da morte" (Sl 23.4; cf. Is 43.2).
VITÓRIA SOBRE O SOFRIMENTO PESSOAL.
Se você está sob provações e aflições, que deve fazer para triunfar sobre tal situação?
(1) Primeiro: examinar as várias razões por que o ser humano sofre (ver seção 1, supra) e ver em que sentido o sofrimento concerne a você.
Uma vez identificada a razão específica, você deve proceder conforme o contido em "É nosso dever".
(2) Creia que Deus se importa sobremaneira com você, independente da severidade das suas circunstâncias (ver Rm 8.36 nota; 2 Co 1.8-10 nota; Tg 5.11 nota; 1 Pe 5.7 nota). 
O sofrimento nunca deve fazer você concluir que Deus não lhe ama, nem rejeitá-lo como seu Senhor e Salvador.
(3) Recorra a Deus em oração sincera e busque a sua face. Espera nEle até que liberte você da sua aflição (ver Sl 27.8-14; 40.1-3; 130).
(4) Confie que Deus lhe dará a graça para suportar a aflição até chegar o livramento (1 Co 10.13; 2 Co 12.7-10). 
Convém lembrar de que sempre "somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Rm 8.37; Jo 16.33).
A fé cristã não consiste na remoção de fraquezas e sofrimento, mas na manifestação do poder divino através da fraqueza humana (ver 2 Co 4.7 nota).
(5) Leia a Palavra de Deus, principalmente os salmos de conforto em tempos de lutas (e.g., Sl 11.16;23;27;40;46;61;91;121;125;138).
(6) Busque revelação e discernimento da parte de Deus refente à sua situação específica - mediante a oração, as Escrituras, a iluminação do Espírito Santo ou o conselho de um santo e experiente irmão.
(7) Se o seu sofrimento é de natureza física, atente para os passos expostos no estudo A CURA DIVINA.
(8) No sofrimento, lembre-se da predição de Cristo, de que você terá aflições na sua vida como crente (Jo 16.33). 
Aguarde com alegria aquele ditoso tempo quando "Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor" (Ap 21.4).

sábado, 17 de novembro de 2018

O PERÍODO DO ANTICRISTO

Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.
2 Tessalonicenses 2.3,4
Segundo a Bíblia, está para vir o Anticristo (cf. 1 Jo 2.18); aquele que trama o derradeiro ataque furioso de Satanás contra Cristo e os santos, pouco antes do tempo em que nosso Senhor Jesus Cristo estabelecerá o seu reino na terra.
As expressões que a Bíblia usa para o Anticristo são "o homem de pecado" e " filho da perdição" (2.3). Outras expressões usadas na Bíblia são "a besta que sobe do mar" (Ap 13.1-10), a besta de cor escarlate" (Ap 17.3) e "a besta" (Ap 17.8,16; 19.19,20; 20.10).
SINAIS DA VINDA DO ANTICRISTO.
Diferente do arrebatamento da igreja (ver o estudo O ARREBATAMENTO DA IGREJA), a vinda do Anticristo não ocorrerá sem sinais precursores.
Pelo menos três eventos deverão ocorrer antes dele surgir na terra: 
(1) o "ministério da injustiça" que já opera no mundo, deverá intensificar-se (2.7); 
(2) virá a "apostasia" (2.3);
 (3) "um que, agora, resiste", deve ser afastado (2.7).
(1) O "ministério da injustiça", i.e., a atividade secreta dos poderes do mal, ora evidente no mundo inteiro (ver 2.7 nota), aumentará até alcançar seu ponto máximo na total zombaria e desprezo a qualquer padrão ou preceito bíblicos. Por causa do predomínio da iniquidade, o amor de muitos esfriará (Mt 24.10-12; Lc 18.8). 
Mesmo assim, um remanescente fiel permanecerá leal à fé apostólica conforme revelada no NT (Mt 24.13; 25.10; Lc 18.7; ver Ap 2.7 nota). 
Por meio desses fiéis, a igreja permanecerá batalhando e manejando a espada do Espírito até ser arrebatada (ver Ef 6.11 nota).
(2) Ocorrerá a "apostasia" (gr. apostasia), que literalmente significa "desvio", "afastamento", "abandono" (2.3). 
Nos últimos dias, um grande número de pessoas da igreja apartar-se á da verdade bíblica.
(a) Tanto o apóstolo Paulo quanto Cristo revelam um quadro difícil da condição de grande parte da igreja - moral, espiritual e doutrinariamente - à medida que a era presente chega ao seu fim (cf. Mt 24.5,10-13,24; 1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3,4). 
Paulo, principalmente, ressalta que nos nos últimos dias elementos ímpios ingressaram nas igrejas em geral. 
(b) Essa "apostasia" dentro da igreja terá duas dimensões. 
(i) A apostasia teológica, que é  desvio de parte ou totalidade dos ensinos de Cristo e dos apóstolos, ou a rejeição deles (1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3). 
Os falsos dirigentes apresentaram uma salvação fácil e uma graça divina sem valor, desprezando as exigências de Cristo quanto ao arrependimento, à separação da imoralidade, e à lealdade a Deus e seus padrões (2 Pe 2.1-3, 12-19).
 Os falsos evangelhos, voltado a interesses humanos, necessidades e alvos egoístas, gozarão de popularidade nota). 
(ii) A apostasia moral, que é o abandono da comunhão salvífica com Cristo e o envolvimento com o pecado e a imoralidade.
 Esses apóstatas poderão até anunciar a sã doutrina bíblica, e mesmo assim nada terem com os padrões morais de Deus (Is 29.13; Mt 23.25-28; ver o estudo A APOSTASIA PESSOAL). Muitas igrejas permitirão quase tudo, para terem muitos membros, dinheiro sucesso e prestígio (ver 1 Tm 4.1 nota). 
O evangelho da cruz, com o desafio de sofrer por Cristo (Fp 1.29), de renunciar todo pecado (Rm 8.13), de sacrificar-se pelo reino de Deus e de se renunciar a si mesmo será algo raro (Mt 24.12; 2 Tm 3.1-5; 4.3).
(c) Tanto a história da igreja, como a apostasia predita para os últimos dias, advertem a todo crente a não pressupor que o progresso do reino de Deus é infalível na sua continuidade, no decurso de todas as épocas e até o fim. 
Em determinado momento da história da igreja a rebelião contra Deus e sua Palavra assumirá proporções espantosas.
No dia do Senhor, cairá a ira de Deus contra os que rejeitaram a sua verdade (1 Ts 5.2-9).
(d) O triunfo final do reino de Deus e sua justiça no mundo, porquanto, depende não do aumento gradual da igreja professa, mas da intervenção final de Deus, quando Ele se manifestará ao mundo com justo juízo (Ap 19 - 22; ver 2 Tm 4.1 nota; 2 Pe 3.10-13; Jd).
(3) Um vento determinante deverá ocorrer antes do aparecimento do "homem do pecado" e do Dia do Senhor começar (2.2,3), que é a saída de alguém (2.7) ou de algo, que "detém", resiste, ou refreia o "mistério da injustiça" e o "homem do pecado" (2.3-7).
Quando o restringidor do "homem do pecado" for retirado, então poderá começar o Dia do Senhor (2.6,7).
(a) O que agora o detém é, sem dúvida, uma referência ao Espírito Santo, pois somente Ele tem poder de deter a iniquidade, o homem do pecado e Satanás (2.6).
Esse que agora o detém ou resiste (2.7), leva no grego o artigo definido masculino e ao mesmo tempo o artigo definido neutro, em 2.6 ("o que o detém"). De modo semelhante, a palavra "Espírito" na língua grega pode levar pronome masculino ou neutro (ver Gn 6.3; Jo 16.8 nota; Rm 8.13; ver Gl 5.17, sobre a obra do Espírito Santo a restringir o pecado).
(b) No começo de sete anos de tribulação, o Espírito Santo será "afastado" (v. 7).
Isso não significa ser Ele tirado do mundo, mas que cessará sua influência restritiva à iniquidade e ao surgimento do Anticristo.
Todas as restrições contra o pecado serão removidas, e começará a rebelião inspirada por Satanás. O Espírito Santo, todavia, agirá na terra durante a tribulação, convencendo pessoas dos seus pecados, convertendo-as a Cristo e dando-lhes poder (Ap 7.9,14; 11.1-11; 14.6,7).
(c) Retirando se o Espírito Santo, cessará a inibição à aparição do "homem do pecado", no cenário terreno (2.3,4).
Deus então liberará uma influência poderosa enganadora sobre todos os que recusam a amar a verdade de Deus (ver 2.11 nota); os tais aceitarão as imposturas do homem do pecado, e a sociedade humana descerá a uma depravação jamais vista.
(d) A ação do Espírito Santo restringindo o pecado é levada a efeito em grande parte através da igreja, que é o tempo do Espírito Santo (1 Co 3.16; 6.19). Por isso, muitos expositores da Bíblia acredita que a saída do Espírito Santo é uma clara indicação de que o arrebatamento dos santos ocorrerá nessa ocasião (1 Ts 4.17).
Noutras palavras, a volta de Cristo, para levar a igreja e livrá-la da ira vindoura (1 Ts 1.10), ocorrerá antes do início do Dia do Senhor e da manifestação do "homem do pecado" (ver o estudo O ARREBATAMENTO DA IGREJA).
(e) Entende-se, nos meios eruditos da Bíblia, que o restringente em 2.6 (no gênero neutro) refere-se ao Espírito Santo e seu ministério de conter a iniquidade, ao passo que em 2.7, "um que agora" (no gênero masculino) refere-se aos crentes reunidos a Cristo e tirados daqui, i.e., arrebatados ao encontro do Senhor nos ares, a fim de estarem sempre com Ele (1 Ts 4.17).
AS ATIVIDADES DO ANTICRISTO.
Ao começar o Dia do Senhor, "o iníquo" aparecerá neste mundo. Trata-se, no meio eruditos da Bíblia, de um governante mundial que fará aliança com Israel por sete anos, antes do fim da presente era (ver Dn 9.27).
(1) A verdadeira identificação do Anticristo será conhecida três anos e meio mais tarde, quando ele romper sua aliança com Israel, tornar-se governante mundial, declarar ser Deus, profanar o templo de Jerusalém (ver o estudo A GRANDE TRIBULAÇÃO), proibir a adoração a Deus (ver 2.4,8,9) e assolar a terra de Israel (ver Dn 9.27 nota; 11.36-45 nota).
(2) O Anticristo declarará ser Deus, e perseguirá severamente quem permanecer leal a Cristo (Ap 11.6,7; 13.7,15-18; ver Dn 7.8,24,25 notas). Exigirá adoração, certamente sediada num grande templo que será usado como centro de seus pronunciamentos (cf. Dn 7.8,25; 8.4;11.31,36). O homem aspira tornar-se divino desde a criação (ver 2.8 nota; Ap 13.8,12 notas; ver também o estudo A GRANDE TRIBULAÇÃO).
(3) O "homem do pecado" fará mediante poder satânico, grandes sinais, maravilhas e milagres a fim de propagar o engano (2.9).
"Prodígios de mentira" significa que seus milagres são sobrenaturais, parecendo autênticos, para enganar as pessoas e levá-los a crer na mentira.
(a) Tais demostrações possivelmente serão vistas no mundo inteiro, pela televisão. Milhões de pessoas ficarão impressionadas, enganadas por esse líder altamente convincente, por não darem a devida importância à Palavra de Deus nem ter amor às suas verdades (2.9-12).
(b) Tanto as palavras de Paulo (2.9), quanto as de Jesus (Mt 24.24) devem despertar os crentes para o fato de que nem todo milagre provém de Deus. Aparentes "manifestações do Espírito" (1 Co 12.7-10) ou fenômenos supostamente vindos da parte de Deus devem ser provados à base da obediência a Cristo e às Escrituras, por parte da pessoa atuante.
A DERROTA DO ANTICRISTO.
No fim da tribulação, Satanás congregará muitas nações no Armagedom, sob o comando do Anticristo, e guerrearão contra Deus e o seu povo numa batalha que envolverá o mundo inteiro (ver Dn 11.45 nota; Ap 16.16 nota). Quando isso ocorrer, Cristo voltará e intervirá de modo sobrenatural, destruindo o Anticristo, seus exércitos e todos os que não obedecem ao evangelho (ver Ap 19.15-21 notas). 
A seguir, Cristo prenderá Satanás e estabelecerá seu reino na terra (20.1-6).
Glória a Deus!

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A CRIAÇÃO

O DEUS DA CRIAÇÃO.
(1) Deus revela na Bíblia como ser infinito, eterno, auto-existente e como a Causa Primária de tudo o que existe.
Nunca houve um momento em que Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: "Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus" (Sl 90.2).
Noutras palavras, Deus existiu eterna e infinitamente antes de criar o universo finito.
Ele, é anterior a toda criação, no céu e na terra, está acima e independe dela (ver 1 Tm 6.16 nota; Cl 1.16.
(2) Deus se revela como um ser pessoal que criou Adão e Eva "à sua imagem" (1.27; ver 1.26 nota).
Porque Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, podiam comunicar-se com Ele, e com Ele ter comunhão de modo amoroso e pessoal.
(3) Deus também se revela como um ser moral que criou tudo bom e, portanto, sem pecado.
Ao terminar Deus a obra da criação, completou tudo o que fizera e observou que era "muito bom" (1.31). Posto que Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus, eles também não tinham pecado (ver 1.26 nota). O pecado entrou na existência humana quando Eva foi tentada pela serpente, ou Satanás (Gn 3; Rm 5.12; Ap 12.9).
A ATIVIDADE DA CRIAÇÃO
(1) Deus criou todas as coisas em "os céus e a terra" (1.1; Is 4028; 42.5; 45.18; Mc 13.19; Ef 3.9; Cl 1.16; Hb 1.2; Ap 10.6).
O verbo "criar" (hb. "bara") é uso exclusivamente em referência a uma atividade que somente Deus pode realizar.
Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca existiram (ver 1.26 nota).
(2) A Bíblia diz que no princípio da criação a terra estava informe, vazia e coberta de trevas (1.2).
Naquele tempo o universo não tinha a forma ordenada que tem agora. O mundo estava vazio, sem nenhum ser vivente e destituído do mínimo vestígio de luz.
Passada essa etapa inicial, Deus criou a luz para dissipar as trevas (1.3-5), deu forma ao universo ( 1.6-13 nota) e encheu a terra de seres viventes (1.20-28).
(3) O método que Deus usou foi o poder da sua palavra. Repetidas vezes está declarado: "E disse Deus..." (1.3,6,9,11,14,20,24,26). 
Noutras palavras, Deus falou e os céus e a terra passaram a existir.
Antes da palavra criadora de Deus, eles não existiam (Sl 33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb 11.3).
(4) Toda a Trindade, e não apenas o Pai, desempenhou sua parte na criação. 
(a) O próprio Filho é a Palavra ("Verbo") poderosa através de quem Deus criou todas as coisas. No prólogo do Evangelho segundo João, Cristo é revelado como a eterna Palavra de Deus (Jo 1.3).
Semelhantemente, o apóstolo Paulo afirma que por Cristo "foram criados todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele" (Cl. 16).
Finalmente, o autor do Livro de Hebreus afirma que enfaticamente que Deus fez o universo por meio do seu Filho (Hb 1.2). 
(b) Semelhantemente, o Espírito Santo um papel ativo na obra da criação. Ele é descrito como"pairando" ("se movia") sobre a criação, preservando-a e preparando-a para as atividades criadoras adicionais de Deus. 
A palavra hebraica traduzida por "Espírito" (ruah) também pode ser traduzida por "vento" e "fôlego". 
Por isso, o salmista testifica do papel do Espírito, ao declarar: "Pela palavra do Senhor foram feito os céus; e todo o exército deles, pelo espírito (ruah) da sua boca" ( Sl 33.6). Além disso, o Espírito Santo continua a manter e sustentar a criação (Jó 33.4; Sl 104.30).
O PROPÓSITO E O ALVO DA CRIAÇÃO.
Deus tinha razões específicas para criar o mundo.
(1) Deus criou os céus e a terra como manifestação da sua glória, majestade e poder. Davi diz: "Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19.1; cf. 8.1). Ao olharmos a totalidade do cosmos criado - desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza - ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador.
(2) Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas.
Todos os elementos da natureza - e.g., o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas, os animais e as aves - rendem louvores ao Deus que os criou (Sl 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12).
Quanto ais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos!
(3) Deus criou a terra para prover um lugar onde o seu propósito e alvos para a humanidade fossem cumpridos. 
(a) Deus criou Adão e Eva à sua própria imagem, para comunhão amorável e pessoal com o ser humano por toda a eternidade. Deus projetou o ser humano como um ser trino e uno (corpo, alma e espírito), que possui mente, emoção e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão. 
(b) Deus desejou de tal maneira esse relacionamento com a raça humana que, quando Satanás conseguiu tentar Adão e Eva a ponto de se rebelarem contra Deus e desobedecer ao seu mandamento, Ele prometeu enviar um Salvador para redimir a humanidade das consequência do pecado (ver 3.15 nota).
Daí Deus teria um povo para sua própria possessão, cujo prazer estaria nEle, que o glorificaria, e que viveria em retidão e santidade diante dEle (Is 60.21; 61.1-3; Ef 1.11,12; 1 Pe 2.9). 
(c) A culminação do propósito de Deus na criação está no livro do Apocalipse, onde João descreve o fim da história com estas palavras: "...com eles habitará, e e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus" (Ap 21.3).
CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO.
A evolução é o ponto de vista predominante, proposto pela comunidade científica e educacional do mundo atual, em se tratando da origem da vida e do universo.
Quem crê, de fato, na Bíblia deve atentar para estas quatro observações a respeito da evolução.
(1) A evolução é uma tentativa naturalista para explicar a origem e o desenvolvimento do universo. Tal intento começa com a pressuposição de que não existe nenhum Criador pessoal e divino que criou e formou o mundo; pelo contrário, tudo veio a existir mediante uma série de acontecimentos que decorreram por acaso, ao longo de bilhões de anos.
Os postulantes da evolução alegam possuir dados científicos que apoiam a sua hipótese.
(2) O ensino evolucionista não é realmente científico. Segundo o método científico, toda conclusão deve basear-se em evidências incontestáveis, oriundas de experiências que podem se reproduzidas em qualquer laboratório. No entanto, nenhuma experiência foi idealizada, nem poderá sê-lo, para testar e comprovar teorias em torno da origem da matéria a partir de um hipotético "grande estrondo", ou do desenvolvimento gradual dos seres vivos, a partir das formas mais simples às mais complexas.
Por conseguinte, a evolução é uma hipótese sem "evidência" científica, e somente quem crê em teorias humanas é que pode aceitá-la.
A fé do povo de Deus, pelo contrário, firma-se no Senhor e na sua revelação inspirada, a qual declara que Ele é quem criou do nada todas as coisas (Hb 11.3).
(3) É inegável que alterações e melhoramentos ocorrem em várias espécies de seres viventes.
Por exemplo: algumas variedades dentro de várias espécies estão se extinguindo; por outro lado, ocasionalmente vemos novas raças surgindo dentre algumas das espécies. Não há, porém, nenhuma evidência, nem se quer no registro geológico, a apoiar a teoria de que um tipo de ser vivente já evoluiu doutro tipo.
Pelo contrário, as evidências existentes apoiam a declaração da Bíblia, que Deus criou cada criatura vivente "conforme a sua espécie" (1.21,24,25).
(4) Os crentes na Bíblia devem, também, rejeitar a teoria da chamada evolução teísta.
Essa teoria aceita a maioria das conclusões da evolução naturalista; apenas acrescenta que Deus deu início ao processo evolutivo.
Essa teoria nega a revelação bíblica que atribui a Deus um papel ativo em todos os aspectos da criação. Por exemplo, todos os verbos principais em Gênesis 1 têm Deus como seu sujeito, a não ser em 1.12 (que cumpre o mandamento de Deus no v. 11). e a frase repetida "E foi a tarde e a manhã". Deus não é um supervisor indiferente, de um processo evolutivo; pelo contrário, é o Criador ativo de todas as coisas (Cl 1.16).

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO

"E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito."
Joel 2.28,29
O Espírito Santo é a terceira pessoa do Deus Eterno, Trino e Uno (ver Mc 1.11 nota; ver estudo A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO). Embora a plenitude do seu poder não tivesse sido revelada antes do ministério de Jesus (ver o estudo JESUS E O ESPÍRITO SANTO) e, posteriormente, no Pentecoste (ver At 2), há trechos do AT a respeito do Espírito Santo.
TERMO EMPREGADO.
A palavra hebraica para "Espírito" é ruah que, às vezes, é traduzida por "vento" e "sopro". Sendo assim, as referências no AT ao sopro de Deus e ao vento da parte de Deus (e.g., Gn 2.7; Ez 37.9,10,14) também podem referir-se à obra do Espírito Santo de Deus.
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO.
A Bíblia descreve várias atividades do Espírito Santo no Antigo Testamento.
(1) O Espírito Santo desempenhou um papel ativo na criação. O segundo versículo da Bíblia diz que " o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2), preparando tudo para que a palavra criadora de Deus desse forma ao mundo. Tanto o Verbo de Deus (i.e., a segunda pessoa da Trindade) quanto o Espírito de Deus, foram agentes na criação (ver Jó 26.13; Sl 33.6; ver o estudo A CRIAÇÃO). (BREVE).
O Espírito também é o autor da vida. 
Quando Deus criou Adão, foi indubitavelmente o seu Espírito quem soprou no homem o fôlego da vida (Gn 2.7; cf. Jí 27.3). O Espírito Santo continua a dar vida as criaturas de Deus (Jó 33.4; Sl 104.30).
(2) O Espírito estava ativo na comunicação da mensagem de Deus ao seu povo.
Era o Espírito, por exemplo, quem instruía os israelitas no deserto (Ne 9.20). Quando os salmistas de Israel compunham seus cânticos, faziam-no mediante o Espírito do Senhor (2 Sm 23.2; cf. At 1.16,20; Hb 3.7-11). Semelhantemente, os profetas eram inspirados pelo Espírito de Deus a declarar sua palavra ao povo (Nm 11.29; 1 Sm 10.5,6,10; 2 Cr 20.14; 24.19,20; Ne 9.30; Is 61.1-3; Mq 3.8; Zc 7.12; cf. 2 Pe 1.20,21). 
Ezequiel ensina que os falsos profetas "seguem o seu próprio espírito" ao invés de andarem segundo o Espírito de Deus (Ez 13.2,3). 
Era possível, entretanto, o Espírito de Deus vir sobre alguém que não tinha um relacionamento genuíno com Deus para levá-lo a entregar uma mensagem verdadeira ao povo (ver Nm 24.2 nota).
(3) A liderança do povo de Deus no AT era fortalecida pelo Espírito do Senhor. 
Moisés, por exemplo, estava em tão estreita harmonia com o Espírito de Deus que compartilhava dos próprios sentimentos de Deus; sofria quando Ele sofria, e ficava irado contra o pecado quando Ele irava (ver Êx 31.11 nota; cf. Êx 32.19). 
Quando Moisés escolheu, em obediência à ordem do Senhor, setenta anciãos para ajudá-lo a liderar os israelitas, Deus tomou do Espírito que estava sobre Moisés, e o colocou sobre eles (Nm 11.16,17; ver 11.12 nota). 
Semelhantemente, quando Josué foi comissionado para que sucedesse Moisés como líder, Deus indicou que "o Espírito" (i.e., o Espírito Santo) estava nele (Nm 27.18 ver nota). 
O mesmo Espírito veio sobre Gideão (Jz 6.34), Davi (1 Sm 16.13 e Zorobabel (Zc 4.6). 
Noutras palavras, no AT a maior qualificação para liderança era a presença do Espírito de Deus.
(4) O Espírito de Deus também vinham sobre indivíduos a fim de equipá-los para serviços especiais. 
Um exemplo notável, no AT, era José, a a quem fora outorgado o Espírito para capacitá-lo a agir de modo eficaz na casa de Faraó (Gn 41.38-40). Note, também, Bezalel e Ooliabe, aos quais Deus concedeu a plenitude do seu Espírito para que fizesse o trabalho artístico necessário à construção do Tabernáculo, e também para ensinarem aos outros (ver Êx 31.1-11; 35.30-35).
A plenitude do Espírito Santo, aqui, não é exatamente a mesma coisa que o batismo no Espírito Santo no NT (ver o estudo O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO). 
No AT, o Espírito Santo vinha sobre uns poucos indivíduos selecionados para servirem a Deus de modo especial, e os revestia de poder (ver Êx 31.3 nota). O Espírito Santo veio sobre muitos dos juízes, tais como Otniel (Jz 3.9,10). 
Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 14.5,6; 15.14-16). Estes exemplos revelam o princípio divino que ainda perdura: quando Deus opta por usar grandemente uma pessoa, o seu Espírito vem sobre ela.
(5) Havia, ainda, uma consciência no AT de que o Espírito desejava guiar as pessoas no terreno da retidão. Davi dá testemunho disto em alguns de seus salmos (Sl 51.10-13; 143.10).
O povo de Deus, que seguia o seu próprio caminho ao invés de ouvir a voz de Deus, recusava-se a seguir o caminho do Espírito (ver Gn 16.2 nota). Os que deixam de viver pelo Espírito de Deus experimentam, inevitavelmente, alguma forma de castigo divino (ver Nm 14.29 nota; Dt 1.26 nota).
(6) Note que, nos tempos do AT, o Espírito Santo vinha apenas sobre umas poucas pessoas, enchendo-as a fim de lhes dar poder para o serviço ou a profecia. Não houve nenhum derramamento geral do Espírito Santo sobre Israel. 
O derramamento do Espírito Santo de forma mais ampla (cf. 2.28,29; At 2.4,16-18) começou no grande dia de Pentecoste.
A PROMESSA DO PLENO PODER DO ESPÍRITO SANTO.
O AT antegozava a era vindoura do Espírito, i.e., a era do NT.
(1) Em várias ocasiões, os profetas falaram a respeito do papel que o Espírito desempenharia na vida do Messias. Isaías, em especial, caracterizou o Rei vindouro, o Servo do Senhor, como uma pessoa sobre quem o Espírito de Deus repousaria de modo especial (ver Is 11.1-4; 42.1; 61.1-3).
Quando Jesus leu as palavras de Isaías 61, em Nazaré, cidade onde morava, terminou dizendo: "Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" (Lc 4.21).
(2) Outras profecias do AT anteviam o período do derramamento geral do Espírito Santo sobre a totalidade do povo de Deus.
Entre esses textos, o de maior destaque é 2.28,29, citado por Pedro no dia de Pentecoste (At 2.17,18). Mas a mesma mensagem também se acha em Is 32.15-17; 44.3-5; 59.20,21; Ez 11.19,20; 36.26,27; 37.14; 39.29.
Deus prometeu que, quando a vida e o poder do seu Espírito viessem sobre o seu povo, os seus seriam capacitados a profetizar, ver visões, ter sonhos proféticos, viver uma vida em santidade e retidão, e a testemunhar com grande poder.
Por conseguinte, os profetas do AT previram a era messiânica. E, a respeito dela, profetizaram que o derramamento e a plenitude do Espírito Santo viriam sobre toda a humanidade. E foi o que aconteceu no domingo do Pentecoste (dez dias depois de Jesus ter subido ao céu), com uma subsequente gigantesca colheita de almas (cf 2.28,32; At 2.41; 4.4; 13.44,48,49).

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO 1

VINHO:FERMENTADO OU NÃO FERMENTADO?
Segue-se um exame da palavra bíblica mais comumente usada para "vinho", em LC 7.33, é oinos. Oinos pode se referir-se a dois tipos bem diferentes de suco de uva: 
(1) suco não fermentado, e 
(2) vinho fermentado ou embriagante. Esta definição apóia-se nos dados abaixo.
(1) A palavra grega oinos era usada pelos autores seculares e religiosos, antes da era cristã e nos tempos da igreja primitiva, em referência ao suco fresco da uva (ver Aristóteles, Metereologica, 387.b.9-13). 
(a) Anacreontes (c. de 500 a.C.) escreve: "Esprema a uva, deixe sair o vinho [oinos]" (Ode 5). 
(b) Nicandro (século II a.C.) escreve a respeito de espremer uvas e chama de oinos o suco daí produzido (Georgica, fragmento 86). 
(c) Papias (60-130 d.C.), um dos pais da igreja primitiva, menciona que quando as uvas são espremidas produzem "jarros de vinho [oinos]" (citado por Ireneu, Contra as Heresias, 5.33.3-4). 
(d) Uma carta em grego escrita em papiro (P. Oxy. 729; 137 d.C.), fala de "vinho [oinos] fresco, do tanque de espremer" (ver Moulton e Milligan, The Vocabulary of the Greek Testament, p.10). 
(e) Ateneu (200 d.C.) fala de um "vinho [oinos] doce", que "não deixa pesada a cabeça" (Ateneu, Banquete, 1.54). 
Noutro lugar, escreve a respeito de um homem que colhia uvas "acima e abaixo, pegando vinho [oinos] no campo" (1.54). 
Para considerações mais pormenorizadas sobre o uso de oinos pelos escritores antigos, ver Robert P. Teachout: "O Emprego da Palavra 'vinho' no Antigo Testamento". (Dissertação de Th.D. no Seminário Teológico de Dallas, 1979).
(2) Os eruditos judeus que traduziram o AT do hebraico para o grego c. de 200 a.C. empregaram a palavra oinos para traduzir várias palavras hebraicas que significam vinho (ver o estudo VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO).(EM BREVE). Noutras palavras, os escritores do NT entendiam que oinos pode referir-se ao suco de uva, com ou sem fermentação.
(3) Quando a literatura grega secular e religiosa, um exame de trechos do NT também revela que oinos pode significar vinho fermentado. 
Em Ef 5.18, o mandamento: "não vos embriagueis com vinho [oinos]" refere-se ao vinho alcoólico. Por outro lado, em Ap 19.15 Cristo é descrito pisando o lagar. 
O texto grego diz: "Ele pisa o lagar do vinho [oinos]"; o oinos que sai do lagar é suco de uva (ver Is 16.10 nota; Jr 48.32,33 nota). 
Em Ap 6.6, oinos refere-se ás uvas da videira como uma safra que não deve ser destruída. 
Logo, para os crentes dos tempos NT, "vinho" (oinos) era uma palavra genérica que podia ser usada para duas bebidas distintivamente diferentes, extraídas da uva:o vinho fermentado e o não fermentado. 
(4) Finalmente, os escritores romanos antigos explicam com detalhes vários processos usados para tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de evitar sua fermentação. 
(a) Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o suco de uva não fermentado quando mantido frio (abaixo de 10 graus C.) e livre de oxigênio, escreve da seguinte maneira: 
"Para que o suco de uva sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas instruções: Depois de aplicar a prensa ás uvas, separe o mosto mais novo [i.e., suco fresco], coloque-o num vasilhame (amphora) novo, tampe-o bem e revista-o muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água entrar; em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria, e não deixe nenhuma parte da ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de quarenta dias. 
O suco permanecerá doce durante um ano" (ver também Columela: 
Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor romano Plínio (século I d.C.) escreve: 
"Tão logo tiram o mosto [suco de uva] do lagar, colocam-no em tonéis, deixam estes submersos na água até passar as primeiras metade do inverno, quando o tempo frio se instala" (Plínio, História Natural, 14.11.83). 
Este método deve ter funcionado bem na terra de Israel (ver Dt 8.7; 11.11,12; Sl 65.9-13.
(b) Outro método de impedir a fermentação das uvas é fervê-las e fazer um xarope (para mais detalhes, ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO 2) Historiadores antigos chamavam esse produto de "vinho" (oinos). 
O Cônego Farrar (Smith's Bible Dictionary,p.747) declara que "os vinhos assemelhavam-se mais a xarope; muitos deles não eram embriagantes".
Ainda, O Novo Dicionário da Bíblia (p. 1665), observa que "sempre havia meios de conservar doce o vinho durante o ano inteiro".
O USO DO VINHO NA CEIA DO SENHOR.
Jesus usou uma bebida fermentada ou não fermentada de uvas, ao instituir a Ceia do Senhor (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.17-20; 1 Co 11.23-26)? Os dados abaixo levam à conclusão de que Jesus e seus discípulos beberam no dito ato suco de uva não fermentado.
(1) Nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra "vinho" (gr.oinos) no tocante à Ceia do Senhor. 
Os escritores dos três primeiros Evangelhos empregam a expressão "fruto da vide" (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18). 
O vinho não fermentado é o único "fruto da vide" verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool.
A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira produz.
O vinho fermentado não é produzido pela videira.
(2) Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12.14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de seor (Êx 12.15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador. seor, no mundo antigo, era frequentemente obtido da espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação. Além disso, todo o hametz (i.e., qualquer coisa fermentada) era proibido (Êx 12.19; 13.7). Deus dera essas leis a fermentação simbolizava a corrupção e o pecado (cf. Mt 16.6,12; 1 Co 5.7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mt 5.17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa, e não teria usado vinho fermentado.
(3) Um intenso debate perpassa os séculos entre os rabinos e estudiosos judaicos sobre a proibição ou não dos derivados fermentados da videira durante a Páscoa.
Aqueles que sustentam uma interpretação mais rigorosa e literal das Escrituras hebraicas, especialmente Êx 13.7, declaram que nenhum vinho fermentado devia ser usado nessa ocasião.
(4) Certos documentos judaicos afirmam que o uso do vinho não fermentado na Páscoa era comum nos tempos do NT. Por exemplo: "Segundo os Evangelhos sinóticos, parece que no entardecer da quinta-feira da última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade santa; neste caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquela ocasião por Ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do culto Seder" (ver "Jesus".The Jewish Encyclopaedia, edição de 1904. V.165).
(5) No AT, bebida fermentada nunca devia ser usadas na casa de Deus, e um sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse bebida embriagante (Lv 10.9 nota).
Jesus Cristo foi o Sumo Sacerdote de Deus do novo concerto, e chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hb 3.1; 5.1-10).
(6) O valor de um símbolo se determina pela sua capacidade de conceituar a realidade espiritual.
Logo, assim como o pão representava o corpo puro de Cristo e tinha que ser pão asmo (i.e., sem a corrupção da fermentação), o fruto da vide, representando o sangue incorruptível de Cristo, seria melhor representado por suco de uva não fermentado (cf. 1 Pe 1.18,19).
Uma vez que as Escrituras declaram que explicitamente que o corpo e sangue de Cristo não experimentaram corrupção (Sl 16.10; At 2.27; 13.37), esses dois elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem fermentado.
(7) Paulo determinou que os coríntios tirassem dentre eles o fermento espiritual, i.e., o agente fermentador "da maldade e da malícia", porque Cristo é a nossa Páscoa (1 Co 5.6-8).
Seria contraditório usar na Ceia do Senhor um símbolo da maldade, i.e., algo contendo levedura ou fermento, se considerarmos os objetivos dessa ordenança do Senhor, bem como as exigências bíblicas para dela participarmos.
Para mais sobre o vinho nos tempos do NT, ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO 2.