EVANGELHO DE JESUS CRISTO

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A INTERCESSÃO

Pode-se definir a intercessão como a oração contrita e reverente, como fé e perseverança, mediante a qual o crente suplica a Deus em favor de outra pessoa ou pessoas que extremamente necessitem da intervenção divina. 
A oração de Daniel no cap. 9 é uma oração intercessão, pois ele ora continuamente em favor da restauração de Jerusalém e de todo o povo de Israel. A Bíblia nos fala da intercessão de Cristo e do Espírito Santo, e de numerosos santos, homens e mulheres do antigo e do novo concerto.
A INTERCESSÃO DE CRISTO E DO ESPÍRITO SANTO
(1) Jesus, no seu ministério terreno, orava pelos perdidos, os quais Ele viera buscar e salvar (Lc 19.10). Chorou, quebrantando, por causa da indiferença da cidade de Jerusalém (Lc 19.41). Orava pelos seus discípulos, tanto individualmente (ver Lc 22.32) como pelo grupo todo (Jo 17.6-26). Orou até por seus inimigos, quando pendurado na cruz (Lc 23.34).
(2) Um aspecto permanente do ministério atual de Cristo é o de interceder pelos crentes diante do trono de Deus (Rm 8.34; Hb 7.25; 9.24; ver 7.25 nota); João refere-se a Jesus como "um advogado para com o Pai" (ver 1 Jo 2.1 nota). 
A intercessão de Cristo é essencial à nossa salvação (cf. Is 53.12). Sem a sua graça, misericórdia e ajuda, que recebemos mediante a sua intercessão, nós nos desviaríamos de Deus e voltaríamos à escravidão do pecado.
(3) O Espírito Santo também está empenhado na intercessão. Paulo declara: "não sabemos o que havemos de pedir como convém mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26 nota). O Espírito Santo, através do espírito do crente, intercede "segundo Deus" (Rm 8.27). Portanto, Cristo intercede pelo crente, no céu, e o Espírito intercede dentro do crente, na terra.
A INTERCESSÃO DO CRENTE
A Bíblia refere-se constantemente às orações de intercessão do crente e registra numerosos exemplos de oração notáveis e poderosas.
(1) No AT, os Líderes do povo de Deus, tais como os reis (1 Cr 21.17; 2 Cr 6.14-42), profetas (1 Rs 18.41-45; Dn 9) e sacerdotes (Ed 9.5-15; Jl 1.13; 2.17,18), deviam ser exemplos na oração por intercessão em prol da nação. 
Exemplos marcantes de intercessão no AT, são as orações de Abraão em favor de Ismael (Gn 17.18) e de Sodoma e Gomorra (Gn 18.23-32), as orações de Davi em favor de seus filhos (2 Sm 12.16; 1 Cr 29.19), e as de Jó em favor de seus filhos (Jó 1.5).
 Na vida de Moisés, temos o exemplo supremo no At, quanto ao poder da oração de intercessão. 
Em várias ocasiões ele orou intensamente para Deus alterar a sua vontade, mesmo depois de o Senhor declarar-lhe aquilo que Ele já resolvera executar.
 Por exemplo, quando os israelitas se rebelaram e se recusaram a entrar em Canaã, Deus falou a Moisés, então, levou o assunto ao Senhor em oração e implorou em favor dos israelitas (Nm 14.13-19); no fim da sua oração, Deus lhe disse: 
"Conforme à tua palavra, lhe perdoei" (Nm 14.20; ver também Êx 32.11-14; Nm 11.2; 12.13; 21.7; 27.5; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ; BREVE). Outros poderosos intercessores do AT são Elias (1 Rs 18.21-26; Tg 5.16-18), Daniel (9.2-23) e Neemias (Ne 1.3-11). 
(2) O NT apresenta mais exemplos, ainda, de orações de intercessão. Os evangelhos registram como os pais e outras pessoas intercediam com Jesus em favor dos seus entes queridos. 
Os pais rogavam a Jesus para que curasse seus filhos doentes (Mc 5.22-43; Jo 4.47-53); um grupo de mães pediu que Jesus abençoasse seus filhos (Mc 10.13). 
Certo homem de posição implorou, pedindo a cura de seu servo (Mt 8.6-13), e a mãe de Tiago e João intercedeu diante de Jesus em favor deles (Mt 20.20,21).
(3) A igreja do NT intercedia constantemente pelos fiéis. Por exemplo, a igreja de Jerusalém reuniu a fim de orar pela libertação de Pedro na prisão (At 12.5,12). 
A igreja de Antioquia orou pelo êxito do ministério de Barnabé e de Paulo (At 13.3). Tiago ordena expressamente que os presbíteros da igreja orem pelos enfermos (Tg 5.14) e que todos os cristãos orem "uns pelos outros" (Tg 5.16; cf. Hb 13.18,19). 
Paulo vai mais além, e pede que se faça oração em favor de todos (1 Tm 2.1-3).
(4) O apóstolo Paulo, quanto à intercessão, merece menção especial. Em muitas das suas epístolas, discorre a respeito das suas própria orações em favor de várias igrejas e indivíduos (e.g., Rm 1.9,10; 2 Co 13.7; Fp 1.4-11; Cl 1.3,9-12; 1 Ts 1.2,3; 2 Ts 1.11,12; 2 Tm 1.3; Fm vv. 4-6). 
Vez por outra fala das suas orações de intercessão (e.g., Ef 1.16-18; 3.14-19; 1 Ts 3.11-13). Ao mesmo tempo, também pede as orações das igrejas por ele, pois sabe que somente através dessas orações é que o seu ministério terá plena eficácia (Rm 15.30-32; 2 Co 1.11; Ef 6.18-20; Fp 1.19; Cl 4.3,4; 1Ts 5.25; 2 tS 3.1,2). 
PROPÓSITOS DA ORAÇÃO  INTERCESSÓRIA
Nas numerosas orações de intercessão da Bíblia, os santos de Deus intercedem para que Deus sustasse o seu juízo (Gn 18.23-32; Nm 14.13-19; Jl 2.17), que restaurasse o seu povo (Ne 1; Dn 9), que livrasse as pessoas do perigo (At 12.5,12; Rm 15.31), e que abençoasse o seu povo (Nm 6.24-26; 1 Rs 18.41-45; Sl 122.6-8). Os intercessores também oravam para que o poder do Espírito Santo viesse sobre os crentes (At 8.15-17; Ef 3.14-17;), para que alguém fosse curado (1 Rs 17.20-23; At 28.8; Tg 5.14-16), pelo perdão dos pecados (Ed 9.5-15; Dn 9; At 7.60), para Deus dá capacidade às pessoas investidas de autoridade para governarem bem ( 1 Cr 29.19; 1 Tm 1.1,2), pelo crescimento na vida cristã (Fp 1.9-11; Cl 1.10,11), por pastores para que sejam capazes (2 Tm 1.3-7), pela obra missionária (Mt 9.38; Ef 6.19,20), pela salvação do próximo (Rm 10.1) e para que os povos louvem a Deus (Sl 67.3-5). Qualquer coisa que a Bíblia revele como a perfeita vontade de Deus para o seu povo (ver o estudo A VONTADE DE DEUS) pode ser um motivo apropriado para a oração de intercessória.


A GLÓRIA DE DEUS

SE LEVANTOU A GLÓRIA DO SENHOR

O enfoque dos capítulos 10 e 11 é a retirada da glória e presença de Deus do templo e da cidade. Primeiramente, a glória de Deus retirou-se do lugar santíssimo, e colocou-se à entrada do templo (v. 4). Em seguida, retirou-se do templo e repousou sobre o carro-trono dos querubins (v. 18). Os querubins conduziram a glória de Deus até à porta oriental do templo (v. 19), e então ela retirou-se totalmente da área do templo. Por fim, a glória divina deixou a cidade de Jerusalém e pousou sobre o monte das Oliveiras (11.23).

(1) A glória de Deus retirou-se do templo por causa do pecado e idolatria do povo. Deus retirou-se da sua casa de modo relutante e aos poucos, mas por causa da sua santidade, Ele teria de separar-se da idolatria do templo.

(2) O que aconteceu com Israel e o templo pode também acontecer com as igrejas. Se os pastores tolerarem o pecado, e deixarem que Satanás e o mundanismo tomem pé, a glória e a presença de Deus se afastarão da congregação, que se tornará uma igreja de aparência, sem as manifestações do Espírito Santo (ver 1 Co 14).

(3) Devemos buscar com zelo a glória e a presença de Deus e, ao mesmo tempo, repelir todo pecado e mal na igreja (ver Hb 1.9 nota). Qualquer outra atitude levará à transigência espiritual e ao juízo divino (ver Ap 2;3 cf. Dt 31.17; 1 Sm 4.21; Os 9.12).

DEFINIÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

A expressão "glória de Deus" tem emprego variado na Bíblia.

(1) Às vezes, descreve o esplendor e majestade de Deus (cf. 1 Cr 29.11; Hc 3.3-5), uma glória tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la e continuar vivo (ver Êx 33.18-23. Quando muito, pode-se ver apenas um "aparecimento da semelhança da glória do Senhor" (cf. a visão que Ezequiel teve do trono de Deus, Ez 1.26-28). Neste sentido, a glória de Deus designa sua singularidade, sua santidade (cf. Is 6.1-3) e sua transcendência (cf. Rm 11.36; Hb 13.21). Pedro emprega a expressão "a magnífica glória" como um nome de Deus (2 Pe 1.17).

(2) A glória de Deus também se refere à presença visível de Deus entre o seu povo, glória esta que os rabinos de tempos posteriores, chamavam de shekinah. Shekinah é uma palavra hebraica que significa "habitação [de Deus]", empregada para descrever a manifestação visível da presença e glória de Deus. Moisés viu a shekinah de Deus na coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21). Em Êx 29.43 é chamada "minha glória" (cf. Is 60.2). Ela cobriu o Sinai quando Deus outorgou a Lei (ver Êx 24.16,17 nota), encheu o tabernáculo (Êx 40.34), guiou Israel no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente encheu o templo de Salomão (2 Cr 7.1; cf. 1 Rs 8.11-13). Mais precisamente, Deus habitava entre os querubins no lugar santíssimo do templo (1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Sl 80.1). Ezequiel viu a glória do Senhor levantar-se e afastar-se do templo por causa da idolatria infrene ali (Ez 10.4,18,19). O equivalente da glória shekinah no NT é Jesus Cristo que, como a glória de Deus em carne humana, veio habitar entre nós (Jo 1.14). Os pastores de Belém viram a glória do Senhor no nascimento de Cristo (Lc 2.9), os discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2; 2 Pe 1.16-18), e Estevão a viu na ocasião do seu martírio (At 7.55).

(3) Um terceiro aspecto da glória de Deus é a sua presença e poder espirituais. Os céus declaram a glória de Deus (Sl 19.1; Cf. Rm 1.19,20) e toda a terra está cheia da sua glória (Is 6.3; cf. Hc 2.14), todavia o esplendor da majestade divina não é comumente visível, nem notado. Por outro lado, o crente participa da glória e da presença de Deus em sua comunhão, seu amor, justiça e manifestações, mediante o poder do Espírito Santo (ver 2 Co 3.18 nota; Ef 3.16-19 nota; 1 Pe 4.14 nota).

(4) Por último, o AT adverte que qualquer tipo de idolatria é uma usurpação da glória de Deus e uma desonra ao seu nome. Cada vez que Deus se manifesta como nosso Redentor, seu nome é glorificado (ver Sl 79.9; Jr 14.21). Todo o ministério de Cristo na terra redundou em glória ao nosso Deus (Jo 14.13; 17.1,4,5).

A GLÓRIA DE DEUS REVELADA EM JESUS CRISTO

Quando Isaías falou da vinda de Jesus Cristo, profetizou que nEle seria revelada a glória de Deus para que toda a raça humana a visse (ver Is 40.5). Tanto João (Jo 1.14) como o escritor aos Hebreus (Hb 1.3) testifica que Jesus Cristo cumpriu essa profecia. A glória de Cristo era a mesma glória que Ele tinha com seu Pai antes que houvesse mundo (Jo 1.14; 17.5). A glória do seu ministério ultrapassou em muito a glória do ministério do AT (2 Co 3.7-11). Paulo cham Jesus "o Senhor da glória" (1 Co 2.8), e Tiago o chama "nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória" (Tg 2.1).

Repetidas vezes, o NT refere-se ao vínculo entre Jesus Cristo e a glória de Deus. Seus milagres revelam a sua glória (Jo 2.11; 11.40-44). Cristo transfigurou-se em meio a "uma nuvem luminosa" (Mt 17.5), onde Ele recebeu glória (cf. 2 Pe 1.16-19). A hora da sua morte foi a hora da sua glorificação (Jo 12.23,24; cf. 17.4,5). Subiu ao céu em glória (cf. At 1.9; 1 Tm 3.16), agora está exaltado em glória (Ap 5.12,13), e um dia voltará "sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mt 24.30; cf. 25.31; Mc 14.62; 1 Ts 4.17).

A GLÓRIA DE DEUS NA VIDA DO CRENTE
Como a glória de Deus relaciona-se ao crente pessoalmente?

(1) Concernente a glória celestial e majestosa de Deus, é bem verdade que ninguém pode contemplar essa glória e sobreviver. Sabemos que ela existe, mas não a vemos. Deus habita em luz e glória inacessíveis, que nenhum ser humano pode vê-lo face a face (1 Tm 6.16).

(2) A glória shekinah de Deus, no entanto, era conhecida do seu povo nos tempos bíblicos. No decurso da história, até o presente, sabe-se de crentes que tiveram visões de Deus, semelhantes às de Isaías (Is 6) e Ezequiel (Ez 1), embora isso não fosse comum naqueles tempos, nem agora. A experiência da glória de Deus, no entanto, é algo que todos os crentes terão na consumação da salvação, quando virmos a Jesus face a face. Seremos levados à presença gloriosa de Deus (Hb 2.10; 1 Pe 5.1; Jd 24), compartilharemos da glória de Cristo (Rm 8.17,18) e receberemos uma coroa de glória (1 Pe 5.4). Até mesmo nosso corpo ressurreto terá a glória do Cristo ressuscitado (1 Co 15.42,43; Fp 3.21).

(3) De modo mais direto, o crente sincero experimenta a presença espiritual de Deus. O Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus e do Senhor Jesus (2 Co 3.17; 1 Pe 4.14). Quando o Espírito opera poderosamente na igreja, através da sua manifestações sobrenaturais (1 Co 12.1-12), o crente experimenta a glória de Deus no seu meio, i.e., um sentimento da majestosa presença de Deus, semelhante ao que sentiram os pastores nos campos de Belém quando nasceu o Salvador Jesus Cristo (Lc 2.8-20).

(4) O crente que abandona o pecado e que repudia a idolatria pode ser cheio da glória de Cristo (ver Jo 17.22 nota), bem como do Espírito da glória (1 Pe 4.14); na realidade, uma das razões de Jesus vir ao mundo foi para encher de glória os crentes (Lc 2.29-32). Como salvos por Cristo Jesus, devemos viver a nossa vida inteira para a glória de Deus, a fim de que Ele seja glorificado em nós (Jo 17.10; 1 Co 10.31; 2 Co 3.18).