EVANGELHO DE JESUS CRISTO

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

EU SOU CARNAL, VENDIDO SOB O PECADO


A LEI
Lembremo-nos de que Paulo, no capítulo 7, está analisando o estado da pessoa irregenerada e sujeita à lei do AT, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (cf. v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demonstrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus.
O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente: é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito Santo, de um lado contra o poder do pecado, de outro lado (cf. Gl 5.16-18). 
No capítulo 8, Paulo descreve o caminho da vitória sobre o pecado, mediante a vida no Espírito.

EU SOU CARNAL, VENDIDO SOB O PECADO
Mais incisivas do que as demais palavras do capítulo 7, estas aqui falam claramente num período sob a Lei, na vida de Paulo, antes da sua conversão. Esse fato é comprovado pelas seguintes razões:

1. No capítulo 7, Paulo está demonstrando a insuficiência da Lei para nos redimir, à parte da graça, e não a insuficiência do evangelho aliado à graça (cf. Gl 3.24).
2. No versículo 5, Paulo declara que os que estão "na carne" (i.e., são carnais, sensuais) produzem "frutos para a morte" (i.e., a morte eterna). E em 8.13, ele afirma que "se viverdes segundo a carne, morrereis" (cf. Gl 5.19-21). Logo, o tipo de pessoa referido no capítulo 7 está espiritualmente morta.
3. A expressão "vendido sob o pecado" significa servidão ou escravidão do pecado (cf. 1 Rs 21.20,25; 2 Rs 17.17).
Tal linguagem não pode ser aplicada ao crente em Cristo, porque Ele, pelo preço do resgate pelo seu sangue (ver Mt 20.28 nota), redimiu-nos do poder do pecado e declara que o pecado já não tem domínio sobre nós (6.14). 
O próprio Cristo afirmou: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (ver Jo 8.36 nota; cf. Rm 8.2). Realmente, o nome Jesus significa "Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1.21).
4. Além disso, a presença do Espírito Santo, habitando em nós (Rm 8), não deixa os crentes "vendidos sob o pecado".
Paulo declara, ainda, no mesmo capítulo, que "a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado" (8.2), e ele inclui a si mesmo entre os que não andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito" (8.4), porque "somos devedores, não à carne" (8.12).

RECEBESTES VÓS JÁ O ESPÍRITO SANTO...?


RECEBESTES VÓS JÁ O ESPÍRITO SANTO...?
Observe os fatos abaixo, no tocante aos discípulos de Éfeso.

1. A pergunta de Paulo sugere enfaticamente que ele os tinha com cristãos verdadeiramente convertidos, mas que ainda não tinham recebido a plenitude do Espírito Santo.
2. A pergunta de Paulo, nesse contexto refere-se ao batismo do Espírito Santo como revestimento de poder e capacitação para o serviço, da mesma forma que ocorreu aos apóstolos no Pentecoste (cf. 1.8; 2.4). 
Ela não pode referir-se à presença do Espírito habitando no crente, porque Paulo sabia claramente que todos os crentes têm o Espírito habitando neles desde o primeiro momento da conversão e da regeneração (Rm 8.9).

3. A tradução literal da pergunta de Paulo é: "Tendo crido, recebestes o Espírito Santo?" "Tendo crido" (gr. pisteusantes, de pisteuo) é um particípio aoristo que normalmente indica ação anterior à ação do verbo principal (neste caso, "receber").
 Por isso é possível traduzir assim: 
"Recebestes já o Espírito Santo depois que crestes?" Isso concorda plenamente com o contexto do trecho, pois foi exatamente isto que aconteceu aos crentes de Éfeso.

a. Já tinham crido em Cristo antes de Paulo conhecê-los (vv. 1,2).
b. Passaram, então,  a ouvir a Paulo e crer em todas as suas demais mensagens que ele lhes deu a respeito de Cristo e do Espírito Santo (v. 4).
c. A seguir, Paulo aceitou a fé em Cristo desses efésios como genuína e adequada, pois os batizou em nome do Senhor Jesus (v. 5).
d. Foi somente, então, depois de crerem e serem batizados em água, que Paulo lhes impôs as mãos e "veio sobre eles o Espírito Santo" (v. 6). Houve, portanto, um intervalo de tempo entre o ato de crerem em Cristo e a vinda do Espírito, enchendo-os do seu poder.

A pergunta de Paulo, nesse contexto, indica que ele achava plenamente possível "crer" em Cristo sem experimentar o batismo no Espírito Santo. Esse trecho é fundamental por demonstrar que uma pessoa pode ser crente sem ter a plenitude do Espírito Santo (ver o estudo O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO).

NEM AINDA OUVIMOS
A resposta dos crentes efésios à pergunta de Paulo, não significa que nunca tinham ouvido falar do Espírito Santo. 
Certamente conheciam os ensinos do AT a respeito do batismo no Espírito Santo que Cristo traria (Lc 3.16). 
O que ainda não tinham ouvido era que o Espírito já estava sendo derramado sobre os crentes (1.5,8).

A IGREJA EM ORAÇÃO


Através do livro de Atos, bem como outros trechos do NT, tomamos conhecimento das normas ou dos padrões estabelecidos para uma igreja neotestamentária.
1. Antes de mais nada, a igreja é o agrupamento de pessoas em congregações locais e unidas pelo Espírito Santo, que diligentemente buscam um relacionamento pessoal, fiel e leal com Deus e com Jesus Cristo (13.2; 16.5; 20.7; Rm 16.3,4; 1 Co 16.19; 2 Co 11.28; Hb 11.6 nota).
2. Mediante o poderoso testemunho da igreja, os pecadores são salvos, nascidos de novo, batizados nas águas e acrescentados à igreja; participam da Ceia do Senhor e esperam a volta de Cristo (2.41,42; 4.33; 514; 11.24; 1 Co 11.26).
3. O batismo no Espírito Santo será pregado e concedido aos novos crentes (ver 2.39 nota), e sua presença e poder se manifestarão.
4. Os dons do Espírito Santo estarão em operação (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11; Ef 4.11,12), inclusive prodígios, sinais e curas (2.18,43; 4.30; 5.12; 6.8; 14.10; 19.11;28.8; Mc 16.18).
5. Para dirigir a igreja, Deus lhe provê um ministério quíntuplo o qual adestra os santos para o trabalho do Senhor (Ef 4.11,12).
6. Os crentes expulsarão demônios (5.16; 8.7; 16.18; 19.12; Mc 16.17).
7. Haverá lealdade absoluta ao evangelho, i.e., aos ensinamentos originais de Cristo e dos apóstolos (2.42; ver Ef 2.20 nota). Os membros da igreja se dedicarão ao estudo da Palavra de Deus e à obediência a ele (6.4; 18.11; Rm 15.18; Cl 3.16; 2 Tm 2.15).
8. No primeiro dia da semana (20.7; 1 Co 16.2), a congregação local se reunirá para a adoração e a mútua edificação através da Palavra de Deis escrita e das manifestações do Espírito (1 Co 12.7-11; 14.26; 1 Tm 5.17).
9. A igreja manterá a humildade, reverência e santo temor diante da presença de um Deus santo (5.11). Os membros terão uma preocupação vital com a pureza da igreja, disciplinarão aqueles que caírem no pecado, bem como os falsos mestres que são desleais à fé bíblica (20.28; 1 Co 5.1-13; ver Mt 18.15 nota).
10. Aqueles que perseverarem no caráter piedoso e nos padrões da justiça ensinando pelos apóstolos, serão ordenados ministros para a direção das igrejas locais e a manutenção da sua vida espiritual (Mt 18.15 nota; 1 Co 5.1-5; 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
11. Semelhantemente, a igreja terá diáconos responsáveis para cuidarem dos negócios temporais e materiais da igreja (ver 1 Tm 3.8 nota).
12. Haverá amor e comunhão no Espírito evidente entre os membros (2.42,44-46; ver Jo 13.34 nota), não somente dentro da congregação local como também entre ela e outras congregações que creem na Bíblia (15.1-31; 2 Co 8.1-8).
13 A igreja será uma igreja de oração e jejum (1.14; 6.4; 12.5; 13.2; Rm 12.12; Cl 4.2; Ef 6.18).
14. Os crentes se separarão dos conceitos materialistas prevalecentes no mundo, bem como de suas práticas (2.40; Rm 12.2; 2 Co 6.17;; Gl 1.4;; 1Jo 2.15,16).
15. Haverá sofrimento e aflição por causa do mundo e seus costumes (4.1-3; 5.40; 9.16; 14.22).
16. A igreja trabalhará ativamente para enviar missionários a outros países (2.39; 13.2-4).
Nenhuma igreja local tem o direito de ser chamar de igreja segundo as normas do NT, a não ser que esteja se esforçando para manter estas 16 características práticas entre seus membros (ver o estudo A IGREJA para mais exame da doutrina bíblica da igreja).

CONTÍNUA ORAÇÃO
Os crentes do NT enfrentavam a perseguição em oração fervorosa. A situação parecia impossível: Tiago fora morto. Herodes mantinha Pedro na prisão vigiado por dezesseis soldados. 
Todavia, a igreja primitiva tinha a convicção de que "a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5.16), e oraram de um modo intenso e contínuo a respeito da situação de Pedro. 
A oração deles não demorou a ser atendida (vv 6.-17).
As igrejas do NT frequentemente se dedicavam à oração coletiva prolongada (1.4; 2.42; 4.24-31; 12.5,12; 13.2).
A intenção de Deus é que seu povo se reúna para a oração definida e perseverante; note as palavras de Jesus: "A minha casa será chamada casa de oração" (Mt 21.13).
As igrejas que declaram basear sua teologia, prática e missão, no padrão divino revelado no livro de Atos e noutros escritos do NT, devem exercer a oração fervorosa e coletiva como elemento vital da sua adoração - e não apenas um ou dois minutos por culto. 
Na igreja primitiva, o poder e presença de Deus e as reuniões de oração integravam-se. 
Nenhum volume de pregação, ensino, cântico, música, animação, movimento e entusiasmo manifestará o poder e presença genuínos no Espírito Santo, sem a oração neotestamentária, mediante a qual os crente "perseveravam unanimemente em oração e súplicas (1.14).