EVANGELHO DE JESUS CRISTO

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo (1 João 2.16).
A palavra "mundo" (gr. kosmos) frequentemente se refere ao vasto sistema de vida desta era, fomentado por Satanás e existente à parte de Deus. Consiste não somente nos prazeres obviamente malignos, imorais e pecaminosos do mundo, mas também se refere ao espírito de rebelião que nele age contra Deus, e de resistência ou indiferença a Ele e à sua revelação. 
Isso ocorre em todos os empreendimentos humanos que não estão sob o senhorio de Cristo. Na presente era, Satanás emprega as idéias mundanas de moralidade, das filosofias, psicologia, desejos governos, cultura, educação, ciência, arte, medicina, música, sistemas econômicos, diversões, comunicação de massa, esporte, agricultura, etc, para opor-se a Deus, ao seu povo, à sua Palavra e aos seus padrões de retidão (Mt 16.26; 1 Co 2.12; 3.19; Tt 2.12; 1 Jo 2.15,16; Tg 4.4; Jo 7.7; 15.18,19; 17.14). Por exemplo, Satanás usa a profissão médica, para defender e promover a matança de seres humanos nascituros; a agricultura para produzir drogas destruidoras da vida tais como álcool e os narcóticos; a educação, para promover a filosofia ímpia humanista; e os meios de comunicação em massa, para destruir os padrões divinos de conduta. 
Os crente devem estar conscientes de que, por trás de todos os empreendimentos meramente humanos, há um espírito, força ou poder maligno que atua contra Deus e a sua Palavra. 
Nalguns casos, essa ação maligna é menos intensa; noutros casos, é mais. 
Finalmente, o "mundo" também inclui todos os sistemas religiosos originados pelo homem, bem como todas as organizações e igrejas mundanas, ou mornas.
(1) Satanás (ver Mt 4.10, nota sobre Satanás) é o deus do presente sistema mundano (ver Jo 12.31 nota; 14.30; 16.11; 2 Co 4.4; 5.19). 
Ele controla juntamente com uma hoste de espíritos malignos, seus subordinados (Dn 10.13; Lc 4.5-7; Ef 6.12,13).
(2) Satanás tem o mundo organizado em sistemas políticos, culturais, econômicos e religiosos que são inatamente hostis a Deus e ao seu povo (Jo 7.7; 15.18,19; 17.14; Tg 4.4; 2.16) e que se recusam a submeter-se à sua verdade, a qual revela a iniquidade do mundo (Jo 7.7).

(3) O mundo e a igreja verdadeira são dois grupos distintos de povo. 
O mundo está sob o domínio de Satanás (ver Jo 12.31 nota); a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5.23,24; Ap 21.2). Por isso, o crente deve separar-se do mundo.

(4) No mundo, os crentes são forasteiros e peregrinos (Hb 11.13; 1 Pe 2.11). 
(a) Não devem pertencer ao mundo (Jo 15.19), não se conformar com o mundo (ver Rm 12.2 nota), não amar o mundo (2.15), vencer o mundo (5.4), odiar a iniquidade do mundo (ver Hb 1.9 nota), morrer para o mundo (Gl 6.14) e ser libertos do mundo (Cl 1.13; Gl 1.4).
 (b) Amar o mundo (cf. 2.15) corrompe nossa comunhão com Deus e leva à destruição espiritual. É impossível amar o mundo e ao Pai ao mesmo tempo (Mt 6.24; Lc 16.13; ver Tg 4.4 nota). Amar o mundo significa estar em estreita comunhão com ele e dedicar-se aos seus valores, interesses, caminhos e prazeres. 
Significa ter prazer e satisfação naquilo que ofende a Deus e que se opõe a Ele (ver Lc 23.35 nota). Note, é claro, que os termos "mundo" e "terra" não são sinônimos; Deus não proíbe o amor à terra criada, i.e., à natureza, às montanhas, às florestas, etc.
(5) De acordo com 2.16, três aspectos do mundo pecaminoso são abertamente hostis a Deus:
 (a) "A concupiscência da carne", que inclui os desejos impuros e a busca de prazeres pecaminosos e a gratificação sensual (1 Co 6.18; Fp 3.19; Tg 1.14). 
(b) "A concupiscência dos olhos", que se refere à cobiça ou desejo descontrolado por coisas atraentes aos olhos, mas proibidas por Deus, inclui o desejo de olhar para o que dá prazer pecaminoso (Êx 20.17; Rm 7.7). 
Neta era moderna, isso inclui o desejo de divertir-se contemplando pornografia, violência, impiedade e imoralidade no teatro, na televisão, no cinema, ou em periódicos (Gn 3.6; Js 7.21; 2 Sm 11.2; Mt 5.28). 
(c) "A soberba da vida", que significa o espírito de arrogância, orgulho e independência auto-suficiente, que não reconhece a Deus como Senhor, nem a sua Palavra como autoridade suprema. Tal pessoa procura exaltar, glorificar e promover a si mesma, julgando não depender de ninguém (Tg 4.16).
(6) O crente não devem ter comunhão espiritual com aqueles que vivem o sistema iníquo do mundo (ver Mt 9.11 nota; 2 Co 6.14 nota) deve reprovar abertamente o pecado deles (Jo 7.7; Ef 5.11 nota), deve ser sal e luz do mundo para eles (Mt 5.13,14), deve amá-los (Jo 3.16), e deve procurar ganhá-los para Cristo (Mt 16.15; Jd 22,23).
(7) Da parte do mundo, o verdadeiro cristão terá tribulação (Jo 16.33), ódio (Jo 15.19), perseguição (Mt 5.10-12) e sofrimento em geral (Rm 8.22,23; 1 Pe 2.19-21). Satanás, usando as atrações do mundo, faz um esforço incessante para destruir a vida de Deus dentro do cristão (2 Co 11.3; 1 Pe 5.8).
(8) O sistema deste mundo é temporário e será destruído por Deus (Dn 2.34,35,44; 2 Ts 1.7-10; 2 Pe 3.10 nota; Ap 18.2).

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A PAZ DE DEUS


DEFINIÇÃO DE PAZ. A palavra hebraica para "paz" é shalom. Denota muito mais do que a ausência de guerra e conflito. O significado básico de shalom é harmonia, plenitude, firmeza, bem-estar e êxito em todas as áreas da vida.

(1) Pode referir-se à tranquilidade nos relacionamentos internacionais, tal como a paz entre as nações em guerra (e.g., 1 Sm 7.14; 1 Rs 4.24; 1 Cr 19.19).

(2) Pode referir-se, também, a uma sensação de tranquilidade dentro de uma nação durante tempos de prosperidade e sem guerra civil (2 Sm 3.21-23; 1 Cr 22.9; Sl 122.6,7).

(3) Pode ser experimentada com integridade e harmonia nos relacionamentos humanos, tanto dentro do lar (Pv 17.1; 1 Co 7.15) quanto fora (Rm 12.18 Hb 12.14; 1 Pe 3.11).

(4) Pode referir-se ao nosso senso pessoal de integridade e bem-estar, livre de ansiedade e em paz com a própria alma (Sl 4.8; 119.165; cf. Jó 3.26) e com Deus (Nm 6.26; Rm 5.1).

(5) Finalmente, embora a palavra shalom não seja empregada em Gn 1-2, ela descreve o mundo original criado, que existia em perfeita harmonia e integridade. Quando Deus criou os céus e a terra, criou um mundo em paz. O bem-estar total da criação  reflete-se na breve declaração: "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1.31).

A INTERRUPÇÃO DA PAZ. Quando Adão e Eva deram atenção á voz da serpente, e comeram da árvore proibida (Gn 3.1-7), sua desobediência introduziu o pecado e se interrompeu a harmonia original do universo.

(1) Naquele momento, Adão e Eva experimentaram, pela primeira vez, culpa e vergonha diante de Deus (Gn 3.8), e uma perda da paz interior.

(2) O pecado de Adão e Eva no jardim do Éden destruiu seu relacionamento harmonioso com Deus. Antes de comerem daquele fruto, tinham íntima comunhão com Deus (cf. 3.8), mas depois esconderam-se "da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim" (Gn 3.8). Ao invés de sentirem anelo pela conversa com Deus, agora tiveram medo da sua voz (Gn 3.10).

(3) Além disso, interrompeu-se o relacionamento harmonioso entre Adão e Eva como marido e mulher. Quando Deus começou a falar-lhes a respeito do pecado que haviam cometido, Adão lançou a culpa em Eva (Gn 3.12), e Deus declarou que a rivalidade entre o homem e a mulher continuariam (Gn 3.16). Assim começou o conflito social que agora é parte integrante das difíceis relações humanas, desde as discussões e a violência no lar (cf. 1 Sm 1.1-8; Pv 15.18; 17.1), até os conflitos e guerras internacionais.

(4) Finalmente, o pecado interrompeu a harmonia e a unidade entre a raça humana e a natureza. Antes de Adão pecar, trabalhava alegremente no jardim do Éden (Gn 2.15), e andava livremente entre os animais, dando nome a cada um (Gn 2.19,20). Parte da maldição divina após a queda envolvia a inimizade  entre a serpente Adão e Eva (Gn 3.15), bem como uma nova realidade: o trabalho produziria suor e labuta (Gn 3.17-19). Antes havia harmonia entre a raça humana e o meio-ambiente, agora luta e conflito de modo que "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (ver Rm 8.22 nota).

A RESTAURAÇÃO DA PAZ. Embora o resultado fosse a destruição da paz e do bem-estar para a raça humana, e até mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a restauração do shalom; logo, a história da reconquista da paz é a história da redenção em Cristo.

(1) Tendo em vista que Satanás deu início à destruição da paz no mundo, o restabelecimento da paz deve envolver a destruição de Satanás e do seu poder. Por isso, muitas das promessas do AT a respeito da vinda do Messias eram promessas da vitória e paz vindouras. Davi profetizou que o Filho de Deus governaria as nações (Sl 2.8,9; Cf. Ap 2.26,27; 19.15). Isaías vaticinou que o Messias reinaria como Príncipe da Paz (Is 9.6,7). Ezequiel predisse que o novo concerto que Deus se propôs estabelecer através do Messias seria um concerto de paz (Ez 34.25; 37.26). E Miquéias, ao profetizar o nascimento em Belém do rei vindouro, declarou: "E este será a nossa paz" (Mq 5.5).

(2) Por ocasião do nascimento de Jesus, os anjos proclamaram que a paz de Deus acabara de chegar à terra (Lc 2.14). O próprio Jesus veio para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8) e para romper todas as barreiras de conflito que tomasse parte da vida a fim de fazer a paz (Ef 2.12-17). Jesus deu aos discípulos a sua paz como herança perpétua antes de ir à cruz (Jo 14.27; 16.33). Mediante a sua morte e ressurreição, Jesus desarmou os principados e potestades hostis, e assim possibilitou a paz (Cl 1.20; 2.14,15; cf. Is 53.4,5). Por isso, quando se crê em Jesus Cristo, se é justificado mediante a fé e se tem paz com Deus (Rm 5.1). A mensagem que os cristão proclamam são as boas-novas da paz (At 10.36; cf. Is 52.7).

(3) Apenas saber que Cristo veio como o Príncipe da Paz não garante que a paz se tornará automaticamente parte da vida; para experimentar a paz há que se estar unido com Cristo numa fé ativa. O primeiro passo é crer no Senhor Jesus Cristo. Quando assim faz, a pessoa é justificada pela fé (Rm 3.21-28; 4.1-13; Gl 2.16) e assim tem paz com Deus (Rm 5.1). Juntamente com a fé, deve-se andar em obediência aos mandamentos divinos a fim de viver-se em paz (Lv 26.3,6). Os profetas do AT declaram frequentemente que não há paz para os ímpios (Is 57.21; 59.8; Jr 6.14; 8.11; Ez 13.10,16). A fim de que os crentes conheçam sua paz perpétua, Deus lhes tem dado o Espírito Santo, que começa a operar em nós um aspecto do fruto, que é a paz (Gl 5.22; cf. Rm 14.17; Ef 4.3). Com a ajuda do Espírito, deve-se orar pedindo a paz (Sl 122.6,7; Jr 29.7; ver Fp 4.7 nota), deixar que a paz governe o coração (Cl 3.15), buscar a paz e segui-la (Sl 34.14; Jr 29.7; 2 Tm 2.22; 1 Pe 3.11), e esforçar-se por viver em paz com o próximo (Rm 12.18; 2 Co 13.11; 1 Ts 5.13; Hb 12.14).

terça-feira, 29 de setembro de 2015

AI DE VÓS... FARISEUS

As palavras de Jesus no capítulo 23 se constituem na sua severa denuncia contra os líderes religiosos e falsos mestres que rejeitavam em parte a Palavra de Deus, substituindo a revelação divina por suas próprias idéias e interpretações (vv. 23,28; 15.3,6-9; Mc 7.6-9).
(1) Notemos a posição de Jesus. Não é a posição tolerante e liberal dos acomodados que não compartilham do clamor do coração do Senhor, por fidelidade à Palavra de Deus. Cristo não era um pregador tímido, à tolerar o pecado. Ele foi em tudo fiel à sua missão de combater o mal (cf. 21.12,13; Jo 2.13-16) e denunciar o pecado e a corrupção entre os importantes (vv. 23,25).

(2) O amor de Jesus pelas Escrituras inspiradas do seu Pai, bem como pelos que estavam sendo arruinados pela distorção delas (cf. 15.2,3; 18.6,7; 23.13,15), era tão grande que o levou a usar palavras tais como "hipócritas" (v. 15), "filho do inferno" (v. 15), condutores cegos" (v.16), "insensatos" (v. 17), "cheios de rapina e de iniquidade" (v.25), limpos só no exterior (v. 25), "sepulcros caiados" (v. 27), "imundícia" (v. 27), iniquidade" (v. 28), "serpentes" (v. 33), "raça de víboras" (v. 33) e assassinos (v. 34).

(3) Estas palavras, embora severas e condenatórias, foram ditas com profunda dor (v. 37), por aquele que morreu pelas pessoas a quem elas foram dirigidas (cf. Jo 3.16; Rm 5.6,8).

(4) Jesus descreve o caráter dos falsos mestres e pregadores como os  dos ministros que buscam popularidade, importância e atenção das pessoas (v. 5), que amam honrarias (v. 6) e títulos (v. 7), e que, com o evangelho distorcido que pregam, impendem as pessoas de entrar no céu (v. 13). São religiosos profissionais que, na aparência, são espirituais e santos, mas que, na realidade, são iníquos (vv. 14, 25-27). Falam bem dos líderes espirituais piedosos do passado, mas não seguem as suas práticas, nem a sua dedicação a Deus e à sua Palavra e justiça (vv. 29,30).

(5) A Bíblia ordena aos crentes a se acautelarem desses falsos dirigentes religiosos (7.15; 24.11) a considerá-los incrédulos e malditos (ver Gl 1.9 nota) e a não dar apoio ao seu ministério e a não ter comunhão com eles (2 Jo 9-11)

(6) Cristãos que, em nome do amor, da tolerância, ou da união, não procedem nesses casos como Jesus, quanto aos que corrompem os ensinos de Cristo e das Escrituras (7.15; 2 Jo 9; Gl 1.6,7), participam das más ações dos falsos profetas e mestres (2 Jo 10,11).