EVANGELHO DE JESUS CRISTO

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS


A outorga do Espírito Santo por Jesus aos seus discípulos no dia da ressurreição não foi o batismo no Espírito Santo como ocorreu no dia de Pentecoste (At 1.5; 2.4). Era, realmente, a primeira vez que a presença regeneradora do Espírito Santo e a nova vida do Cristo ressurreto saturavam e permeavam os discípulos.

  1. Durante a última reunião de Jesus com seus discípulos, antes da sua paixão e crucificação, Ele lhes prometeu que receberiam o Espírito Santo, como aquele que os regeneraria: "habita convosco, e estará em vós" ( 14.17 veja nota). Jesus agora cumpre aquela promessa.
  2. Da frase, "assoprou sobre eles", em 20.22, infere-se que se trata da sua regeneração. A palavra grega traduzida por "sopro" (emphusao) é o mesmo verbo usado na Septuaginta (a tradução grega do AT) em Gn 2.7, onde Deus "soprou em seus narizes [de Adão] o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". É o mesmo verbo que se acha em Ez 37.9: "Assopra sobre estes mortos, para que vivam". O uso que João faz deste verbo neste versículo indica que Jesus estava outorgando o Espírito a fim de neles produzir nova vida e nova criação. Isto é, assim como Deus soprou para dentro do homem físico o fôlego de vida, e o homem se tronou uma nova criatura (Gn 2.7), assim também, agora, Jesus soprou espiritualmente sobre os discípulos, e eles se tornaram novas criaturas (ver estudo A REGENERAÇÃO). Mediante sua ressurreição, Jesus tornou-se em "espírito vivificante" (1 Co 15.45).
  3. O imperativo " Recebei o Espírito Santo" estabelece o fato que o Espírito, naquele momento histórico, entrou de maneira inédita nos discípulos, para neles habitar. A forma verbal de "receber" está no aoristo imperativo (gr. lebete, do verbo lambano), que denota um ato único de recebimento. Este "recebimento" da vida pelo Espírito Santo antecede a outorga da autoridade de Jesus para eles (Jo 20.23), bem como no batismo com Espírito Santo, pouco depois, no dia de Pentecoste (At 2.4).
  4. Antes dessa ocasião, os discípulos eram verdadeiros crentes em Cristo, e seus seguidores, segundo os preceitos do antigo concerto. Porém, eles não eram plenamente regenerados no sentido da nova aliança. A partir de então os discípulos passaram a participar dos benefícios do novo concerto baseado na morte e ressurreição de Jesus (ver Mt 26.28; Lc 22.20; 1 Co 11.25; Ef 2.15,16; Hb 9.15-17; ver estudo A REGENERAÇÃO). Foi, também, nessa ocasião, e não no Pentecoste, que a igreja nasceu, i.e., uma nova ordem espiritual, assim como no princípio Deus soprou sobre o homem atém então inerte para de fato torná-lo criatura vivente na ordem material (Gn 2.7).
  5. Este trecho é essencial para a compreensão do ministério do Espírito Santo entre o povo de Deus: (a) os discípulos receberam o Espírito Santo (i.e., o Espírito Santo passou a habitar neles e os regenerou) antes do dia de Pentecostes; e (b) o derramamento do Espírito Santo em At 2.4. Isto seguiu-se á primeira experiência. O batismo no Espírito Santo no dia do Pentecoste foi, portanto, uma segunda e distinta obra do Espírito neles.
  6. Estas duas obras distintas do Espírito Santo na vida dos discípulos de Jesus são normativas para todo cristão. Isto é, todos os autênticos crentes recebem o Espírito Santo ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o batismo no Espírito Santo para receberem poder para serem suas testemunhas (At 1.5,8; 2.4; ver 2.39 nota).
  7. Não há qualquer fundamento bíblico para se dizer que a outorga por Jesus do Espírito Santo em 20.22 era então somente uma profecia simbólica da vinda do Espírito Santo no Pentecoste. O uso do aoristo imperativo para "receber" (ver supra) denota o recebimento naquele momento e naquele lugar.

domingo, 18 de outubro de 2015

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no Espírito Santo (ver 1.4 nota sobre "batismo no", ao invés de "batismo com", o Espírito Santo). A respeito do batismo no espírito Santo, a Palavra de Deus ensina o seguinte:

  1. O batismo no Espírito Santo é para todos que professam sua fé em Cristo; que nasceram de novo, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar (Aguarde o estudo A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS).
  2. Um dos alvos principais de Cristo na sua missão terrena foi batizar seu povo no Espírito (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não começarem a testemunhar até que fossem batizados no Espírito Santo e revestidos do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4,5,8).
  3. O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre os seus discípulos e disse: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser "revestidos de poder" pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração (ver 11.17 nota; 19.6 nota).
  4. Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito, (cf. 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecostes. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecostes (e.g. Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão "batizados no Espírito Santo". Este evento só ocorrerá depois da ascensão de Cristo (1.2-5; Lc 24.49-51; Jo 16.7-14).
  5. O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do batismo no Espírito Santo (2.4; 10.45,46); 19.6).
  6. O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1 Co 2.4). Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1 Co 12.7).
OUTROS RESULTADOS GENUÍNO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO SÃO:
  • Mensagem proféticas e louvores (2.4,17; 10.46; 1 Co 14.2,15).
  • Maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8 nota; At 1.8 nota).
  • Uma vida que glorifica a Jesus Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33).
  • Visões da parte do Espírito Santo (2.17).
  • Manifestação dos vários dons do Espírito Santo (1 Co 12.4-10).
  • Maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26).
  • Maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42).
  • Uma convicção cada vez maior de Deus como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.16).
CONDIÇÕES PRÉVIAS PARA O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
A palavra de Deus cita várias condições prévias para o batismo no Espírito Santo:
  • Devemos aceitar pela fé a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em submeter a Deus a nossa vontade ("àqueles que lhe obedecem", 5.32). Devemos abandonar tudo o que ofende a Deus, para então podermos se "vaso para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor" (2 Tm 2.21).
  • É preciso querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no Espírito Santo (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33).
  • Muitos recebem o batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31;8.15-17).
  • Devemos esperar convicto que Deus nos batizará no Espírito Santo (Mc 11.24; At 1.4,5).
O batismo no Espírito Santo permanece na vida do crente mediante a oração 94.31), o testemunho (4.31,33), a adoração no Espírito (Ef 5.18,19) e uma vida santificada (ver Ef 5.18 notas).
Por mais poderosa que seja a experiência inicial do batismo no Espírito Santo sobre o crente, e se ela não for expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará numa glória desvanecente.

O batismo no Espírito Santo ocorre uma só vez na vida do crente e move-o à consagração à obra de Deus, para, assim, testemunhar com poder e retidão.
A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do Espírito Santo (ver 4.31 nota; cf. 2.4; 4.8,31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no Espírito Santo, portanto, conduz o crente a um relacionamento com o Espírito que deve ser renovado (4.31) e conservado (Ef 5.18).

sábado, 17 de outubro de 2015

OS PASTORES E SEUS DEVERES


Nenhuma igreja poderá funcionar sem dirigentes para dela cuidar. Logo, conforme 14.23, a congregação local, cheia do Espírito, buscando a direção de Deus em oração e jejum, elegiam certos irmãos para o cargo de presbítero ou bispo de acordo com as qualificações espirituais estabelecidas pelo Espírito Santo em 1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9.
Na realidade é o Espírito que constitui o dirigente de igreja. O discurso de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso (20.17-35) é um trecho básico quanto a princípios bíblicos sobre o exercício do ministério de pastor de uma igreja local.

PROPAGANDO A FÉ

  1. Um dos deveres principais do dirigente é alimentar as ovelhas mediante o ensino da Palavra de Deus. Ele deve ter sempre em mente que o rebanho que lhe foi entregue é a congregação de Deus, que Ele comprou para si com o sangue precioso do seu Filho amado (cf. 20.28; 1 Co 6.20; 1 Pe 1.18,19; Ap 5.9).
  2. Em 20.19-27, Paulo descreve de que maneira serviu como pastor da igreja de Éfeso; tornou patente toda a vontade de Deus, advertindo e ensinando fielmente os cristãos efésios (20.27). Daí, ele poder exclamar: "estou limpo do sangue de todos" (20.26; ver nota). Os pastores de nossos dias também devem instruir sua igrejas em todo o desígnio de Deus. Que "pregues a palavra, inste a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, dizendo apenas aquilo que estes desejam ouvir (2 Tm 4.3).
GUARDANDO A FÉ

Além de alimentar o rebanho de Deus, o verdadeiro pastor deve diligentemente resguardá-lo de seus inimigos. Paulo sabe que no futuro Satanás levantará falsos mestres dentro da própria igreja, e, também falsários vindos de fora, infiltrar-se-ão e atingirão o rebanho com doutrinas antibíblicas, conceitos mundanos e idéias pagãs e humanistas.
Os ensinos e a influência destes dois tipos de elementos arruinarão a fé bíblica do povo de Deus. Paulo os chama de "lobos cruéis", indicando que são fortes, difíceis de subjugar, insaciáveis e perigosos (ver 20.29 nota; cf. Mt 10.16).
Tais indivíduos desviarão as pessoas dos ensinos de Cristo e os atrairão a si mesmos e ao seu evangelho distorcido. O apelo veemente de Paulo (20.28-31) impõe uma solene distorcem a revelação sobre todos os obreiros da igreja, no sentido de defendê-la e opôr-se aos que distorcem a revelação original e fundamental de fé, segundo o NT.
  1. A igreja verdadeira consiste somente daqueles que, pela graça de Deus e pela comunhão do Espírito Santo, são fiéis ao Senhor Jesus Cristo e à Palavra de Deus. Por isso, é de grande importância na prevenção da pureza da igreja de Deus que os seus pastores mantenham a disciplina corretiva com amor (Ef 4.15), e reprovem com firmeza (2 Tm 4.1-4); Tt 1.9-11) quem na igreja fale coisas perversas contrárias à Palavra de Deus e ao testemunho apostólico (20.30).
  2.  Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor Jesus os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados (20.26,27; cf. Ez 3.20,21). Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de Deus para a igreja (20.27), principalmente quanto á vigilância sobre o rebanho (20.28), não estará "limpo do sangue de todos" (20.26, ver nota; cf. Ez 34.1-10). Deus o terá por os falsificadores da Palavra (ver também 2 Tm 1.14 nota; Ap 2.2 nota).
  3. É altamente importante que os responsáveis pela direção da igreja mantenham a ordem quanto a assuntos teológicos doutrinários e morais na mesma. A pureza da doutrina bíblica e de vida cristã deve ser zelosamente mantida nas faculdades evangélicas, institutos bíblicos, seminários, editoras e demais seguimentos administrativos da igreja (2 Tm 1.13,14).
  4. A questão principal aqui é nossa atitudes para com as Escrituras divinamente inspiradas, que Paulo chama a "Palavra da sua graça" (20.32). Falsos mestres, pastores e líderes tentarão enfraquecer a autoridade da Bíblia através de seus ensinos corrompidos e princípios antibíblicos. Ao rejeitarem a autoridade absoluta da Palavra de Deus, negam que a Bíblia é verdadeira e fidedigna em tudo que ela ensina 920.28-31; ver Gl 1.6 nota; 1 Tm 4.1; 2 Tm 3.8). A bem da igreja de Deus, tais pessoas devem ser excluídas da comunhão (2 Jo 9-11; ver Gl 1.9 nota).
  5. A igreja que perde o zelo ardente do Espírito Santo pela sua pureza (20.18-35), que se recusa a tomar posição firme em prol da verdade e que se omite em disciplinar os que minam a autoridade da Palavra de Deus, logo deixará de existir como igreja neotestamentária (ver 12.5 nota).