EVANGELHO DE JESUS CRISTO

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O CUIDADO DOS POBRES E NECESSITADOS



AFLIGIS O JUSTO

De todos os pecados denunciados por Amós, os mais graves eram os sociais. Os ricos tiravam proveito dos pobres, e os exploravam. A vontade de Deus é que tenhamos amor e compaixão especiais pelos necessitados. Mas hoje não é diferente daqueles dias.


Neste mundo, onde há tanto ricos quanto pobres, frequentemente os que têm abastança material tiram proveito dos que nada têm, explorando-os para que os seus lucros aumentem continuamente (ver Sl 10.2,9,10; Is 3.14,15; Am 2.6,7; 5.12,13; Tg 2.6). A Bíblia tem muito a dizer a respeito de como os crentes devem tratar os pobres e necessitados.

O ZELO DE DEUS PELOS POBRES E NECESSITADOS

Deus tem expressado de várias maneiras seu grande zelo pelos pobres, necessitados e oprimidos.

  1. O Senhor Deus é o seu defensor. Ele mesmo revela ser deles o refúgio (Sl 14.6; Is 25.4), o socorro (Sl 40.17; 70.5; Is 41.14), o libertador (1 Sm 2.8; Sl 12.5; 34.6;113.7; 35.10; cf. Lc 1.52,53) e provedor (cf. Sl 10.14; 68.10; 132.15).
  2. Ao revelar a sua Lei aos israelitas, mostrou-lhes também várias maneiras de se eliminar a pobreza do meio do povo (ver Dt 15.7-11 nota). Declarou-lhes, em seguida, o seu alvo global: "Somente para que entre ti não haja pobre; pois o Senhor abundantemente te abençoará na terra que o Senhor, teu Deus, te dará por herança, para a possuíres" (Dt 15.4). 
  3. Por isso Deus na sua Lei, proíbe a cobrança de juros nos empréstimos aos pobres (Êx 22.25; Lv 25.35,36). S e o pobre entregasse algo como "penhor", ou garantia pelo empréstimo, o credor era obrigado a devolver-lhe o penhor (uma capa ou algo assim) antes do pôr-do-sol. Se o pobre era contratado a prestar serviços ao rico, este era obrigado a pagar-lhe diariamente, para que ele pudesse comprar alimentos a si mesmo e à sua família (Dt 24.14,15). 
  4. Durante a estação da colheita, os grãos que caíssem devia se deixado no chão para que os pobres os recolhessem (Lv 19.10; Dt 24.19-21); e mais: os cantos das searas de trigo, especificamente, deviam ser deixados aos pobres (Lv 19.9). Notável era o mandamento divino divino de se cancelar, a cada sete anos, todas as dívidas dos pobres (Dt 15.1-6). 
  5. Além disso, o homem de posses não podia recusar-se a emprestar algo ao necessitado, simplesmente por estar próximo ao sétimo ano (Dt 15.7-11). Deus, além de prover o ano para o cancelamento das dívidas, proveu ainda o ano para a devolução de propriedades- o Ano do Jubileu, que ocorreria a cada cinquenta anos. Todas as terras que tivesse mudado de dono desde o Ano do Jubileu anterior teria de ser devolvidas à família originária (ver Lv 25.8-55). 
  6. E, mais importante de tudo: a justiça haveria de ser imparcial. Nem os ricos nem os pobres poderiam receber qualquer favoritismo (Êx 23.2,3,6; Dt 1.17; cf. Pv 31.9). Desta maneira, Deus impedia que os pobres fossem explorados pelos ricos, e garantia um tratamento justo aos necessitados (ver Dt 24.14 nota). 
  7. Infelizmente, os israelitas nem sempre observavam tais leis. Muitos ricos tiravam vantagens dos pobres, aumentando-lhes a desgraça. Em consequência de tais ações, o Senhor proferiu, através dos profetas, palavras severas de juízo contra os ricos (ver Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14).
A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NEOTESTAMENTÁRIO DIANTE DOS POBRES E NECESSITADOS

No NT, Deus também ordena a seu povo que evidencie profunda solicitude pelos pobres e necessitados, especialmente pelos domésticos da fé.

  1. Boa parte do ministério de Jesus foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas, ninguém mais se importava a não ser Jesus (cf. Lc 4.18,19; 21.1-4; Lc 17.11-19; Jo 4.1-42; Mt 8.2-4; Lc 17.11-19; Lc 7.11-15; 20.45-47). Ele condenava duramente os que se apegavam às possessões terrenas, e desconsideravam os pobres (Mc 10.17-25; Lc 6.24,25; 12.16-20; 16.13-15,19-31; ver estudo RIQUEZA E POBREZA).
  2. Jesus espera que seu povo contribua generosamente com os necessitados (ver Mt 6.1-4). Ele próprio praticava o que ensinava, pois levava uma bolsa da qual tirava dinheiro para dar aos pobres (ver Jo 12.5,6; 13.29). Em mais de uma ocasião, ensinou aos que o queriam seguir a si importarem com os marginalizados econômica e socialmente (Mt 19.21; Lc 12.33; 14.12-14,16-24; 18.22). As contribuições não eram consideradas opcionais. Uma das exigências de Cristo para entrar no seu reino eterno é mostrar-se generoso para com os irmãos e irmãs que passam fome e sede, e acham-se nus (Mt 25.31-46).
  3. O apóstolo Paulo e a igreja primitiva demonstravam igualmente profunda solicitude pelos necessitados. Bem cedo, Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carente da Judeia (At 11.28-30). Quando o concílio reuniu-se em Jerusalém, os anciãos recusaram-se a declarar a circuncisão como necessária à salvação, mas sugeriram a Paulo e aos seus companheiros "que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência" (Gl 2.10). Um dos alvos de sua terceira viagem missionária foi coletar dinheiro "para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém" (Rm 15.26). 
  4. Ensinava as igrejas na Galácia e em Corinto a contribuir para esta causa (1 Co 16.1-4). Como a igreja em Corinto não contribuísse conforme se esperava, o apóstolo exortou demoradamente aos seus membros a respeito da ajuda aos pobres e necessitados (2 Co 8;9). Elogiou as igrejas de Macedônia por lhe terem rogado urgentemente que lhes deixasse participar da coleta (2 Co 8.1-4; 9.2). 
  5. Paulo tinha em grande estima o ato de contribuir. Na epístola aos Romanos, ele arrola, como dom do Espírito Santo, a capacidade de se contribuir com generosidade às necessidades da obra de Deus e de seu povo (ver Rm 12.8 nota; ver 1 Tm 6.17-19).
  6. Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em Cristo. Jesus equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40,45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades um dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). 
  7. Quanto o crescimento da igreja impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do Espírito Santo, para executar a tarefa (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente qual deve ser o princípio de comunidade cristã: "Então, enquanto temos tempo, façamos o bem  a todos, mas principalmente aos domésticos da fé" (Gl 6.10). 
  8. Deus quer que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualmente entre o seu povo (2 Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Resumindo, a Bíblia não nos oferece outra alternativa senão tomarmos consciência das necessidades matérias dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmão em Cristo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A GRANDE TRIBULAÇÃO


Começando com 24.15, Jesus trata de sinais especiais que ocorrerão durante a grande tribulação (as expressões "grande aflição", de 24.21, e "grande tribulação" de Ap 7.14, são idênticas no grego). Tais sinais indicam que o fim dos tempos está muito próximo (24.15-29). São conducentes à, e indicadores da volta de Cristo à terra, depois da grande tribulação (24.30,31; cf. Ap 19.11-20.4).

O maior desses sinais é "abominação da desolação" (24.15), um fato específico e visível, que adverte os fiéis vivos durante a grande tribulação de que a vinda de Cristo à terra está prestes a ocorrer. Esse sinal-evento, visível, relaciona-se primeiramente com a profanação do templo judaico daqueles dias em Jerusalém, pelo Anticristo (ver Dn 9.27 nota; 1 Jo 2.18). 
O Anticristo, também chamado o homem do pecado, colocará uma imagem dele mesmo no templo de Deus, declarando se ele mesmo Deus (2 Ts 2.3,4; Ap 13.14,15). Seguem-se fatos salientes a respeito desse evento crítico.

  1. A "abominação da desolação" marcará o início da etapa final da tribulação, que culmina com a volta de Cristo á terra e o julgamento dos ímpios em Armagedom (24.21,29,30; ver Dn 9.27; Ap 19.11-21).
  2. Se os santos da tribulação atentarem para o fator tempo desse evento ("Quando, pois, virdes", 24.15), poderão saber com bastante aproximação quando terminará a tribulação, época em que Cristo voltará a terra (ver 24.33 nota).O decurso de tempo entre esse evento e o fim dos tempos é mencionado quatro vezes nas Escrituras como sendo três anos e meio ou 1260 dias (ver Dn 9.25-27; Ap 11.1,2; 12.6; 13.5-7).
Por causa da grande expectativa da volta de Cristo (24.33), os santos daqueles dias devem acautelar-se quanto a informes afirmando que Cristo já voltou. Tais informes serão falsos (24.23-26). A "vinda do Filho do homem" depois da tribulação será visível e conhecida de todos os que viverem no mundo (24.27-30; Ap 1.7).

Outro sinal que ocorrerá, então, será o dos falsos profetas que, a serviço de Satanás, farão "grandes sinais e prodígios" (24.24).

  1. Jesus admoesta a todos os crentes a estarem especialmente alerta para discernir esses profetas, mestres e pregadores, que se declaram cristão sendo falsos, porém apesar disso, operam milagres, curas, sinais e maravilhas e que demonstram ter grande sucesso nos seus ministérios. Ao mesmo tempo, torcerão e rejeitarão a verdade da Palavra de Deus (ver 7.22 nota; Gl 1.9 nota).
  2. Noutra parte as Escrituras admoesta os crentes a sempre testarem o espírito que atua nos mestres, líderes e pregadores (ver 1 Jo 4.1 nota). Deus permite o engano acompanhado de milagres, a fim de testar os crentes no tocante o seu amor por Ele e sua lealdade ás Sagradas Escrituras (Dt 13.3). Serão dias difíceis, pois Jesus declara em 24.24, que naqueles últimos tempos o engano religioso será tão generalizado que será difícil até mesmo para "os escolhidos" (i.e., os crentes dedicados) discernirem entre a verdade e o erro (ver 1 Tm 4.16 nota; Tg 1.21 nota; ver estudo ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO).
  3. Quem entre o povo de Deus não amar a verdade será enganado. Não terá mais oportunidade de crer na verdade do evangelho, depois do surgimento do Anticristo (ver 2 Ts 2.11 nota). Finalmente, a "grande tribulação" será um período específico de terrível sofrimento e tribulação para todos que viverem na terra. Observe:
  • Será âmbito mundial (ver Ap 3.10 nota).
  • Será o pior tempo de aflição e angústia que já ocorreu na história da humanidade (Dn 12.1; Mt 24.21).
  • Será um tempo terrível de sofrimento para os judeus (Jr 30.5-7).
  • O período será controlado pelo "homem do pecado" (i.e., o Anticristo; Cf. Dn 9.27; Ap 13.12).
  • Os fiéis da igreja de Cristo recebem a promessa de livramento e "escape" dos tempos da tribulação (ver Lc 21.36 nota; 1 Ts 5.8-10; Ap 3.10 nota).
  • Durante o período da tribulação, muitos entre os judeus e gentios crerão em Jesus Cristo e serão salvos (Dt 4.30,31; Os 5.15; Ap 7.9-17; 14.6,7).
  • Será um tempo de grande sofrimento e de perseguição pavorosa para todos quantos permanecerem fiéis a Deus (Ap 12.17; 13.15).
  • Será um tempo de ira de Deus e de juízo seu contra os ímpios (1 Ts 5.1-11; Ap 6.16,17).
  • A declaração de Jesus de que aqueles dias serão abreviados (24.22) não pressupõe a redução dos três anos e meio, ou 1260 dias preditos. Pelo contrário, parece indicar que o período é tão terrível que se não fosse de curta duração a totalidade da raça humana seria destruída.
  • A grande tribulação terminará quando Jesus Cristo em glória, com sua noiva (Ap 19.7,8,14), para efetuar o livramento dos fiéis remanescentes e o juízo e destruição dos ímpios (Ez 20.34-38; Mt 24.29-31; Lc 19.11-27; Ap 19.11-21).
  • Não devemos confundir essa fase da vinda de Jesus, no fim da grande tribulação, com a sua descida imprevista do céu, em 24.42-44 (ver notas sobre estes versículos, que tratam da vinda de Jesus, na sua fase do arrebatamento dos crentes), a qual ocorrerá num momento diferente do da sua volta final, no fim da tribulação.
  • O trecho principal das Escrituras que descreve a totalidade da tribulação de sete anos de duração é encontrado em Ap 6-8.

A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS


A outorga do Espírito Santo por Jesus aos seus discípulos no dia da ressurreição não foi o batismo no Espírito Santo como ocorreu no dia de Pentecoste (At 1.5; 2.4). Era, realmente, a primeira vez que a presença regeneradora do Espírito Santo e a nova vida do Cristo ressurreto saturavam e permeavam os discípulos.

  1. Durante a última reunião de Jesus com seus discípulos, antes da sua paixão e crucificação, Ele lhes prometeu que receberiam o Espírito Santo, como aquele que os regeneraria: "habita convosco, e estará em vós" ( 14.17 veja nota). Jesus agora cumpre aquela promessa.
  2. Da frase, "assoprou sobre eles", em 20.22, infere-se que se trata da sua regeneração. A palavra grega traduzida por "sopro" (emphusao) é o mesmo verbo usado na Septuaginta (a tradução grega do AT) em Gn 2.7, onde Deus "soprou em seus narizes [de Adão] o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". É o mesmo verbo que se acha em Ez 37.9: "Assopra sobre estes mortos, para que vivam". O uso que João faz deste verbo neste versículo indica que Jesus estava outorgando o Espírito a fim de neles produzir nova vida e nova criação. Isto é, assim como Deus soprou para dentro do homem físico o fôlego de vida, e o homem se tronou uma nova criatura (Gn 2.7), assim também, agora, Jesus soprou espiritualmente sobre os discípulos, e eles se tornaram novas criaturas (ver estudo A REGENERAÇÃO). Mediante sua ressurreição, Jesus tornou-se em "espírito vivificante" (1 Co 15.45).
  3. O imperativo " Recebei o Espírito Santo" estabelece o fato que o Espírito, naquele momento histórico, entrou de maneira inédita nos discípulos, para neles habitar. A forma verbal de "receber" está no aoristo imperativo (gr. lebete, do verbo lambano), que denota um ato único de recebimento. Este "recebimento" da vida pelo Espírito Santo antecede a outorga da autoridade de Jesus para eles (Jo 20.23), bem como no batismo com Espírito Santo, pouco depois, no dia de Pentecoste (At 2.4).
  4. Antes dessa ocasião, os discípulos eram verdadeiros crentes em Cristo, e seus seguidores, segundo os preceitos do antigo concerto. Porém, eles não eram plenamente regenerados no sentido da nova aliança. A partir de então os discípulos passaram a participar dos benefícios do novo concerto baseado na morte e ressurreição de Jesus (ver Mt 26.28; Lc 22.20; 1 Co 11.25; Ef 2.15,16; Hb 9.15-17; ver estudo A REGENERAÇÃO). Foi, também, nessa ocasião, e não no Pentecoste, que a igreja nasceu, i.e., uma nova ordem espiritual, assim como no princípio Deus soprou sobre o homem atém então inerte para de fato torná-lo criatura vivente na ordem material (Gn 2.7).
  5. Este trecho é essencial para a compreensão do ministério do Espírito Santo entre o povo de Deus: (a) os discípulos receberam o Espírito Santo (i.e., o Espírito Santo passou a habitar neles e os regenerou) antes do dia de Pentecostes; e (b) o derramamento do Espírito Santo em At 2.4. Isto seguiu-se á primeira experiência. O batismo no Espírito Santo no dia do Pentecoste foi, portanto, uma segunda e distinta obra do Espírito neles.
  6. Estas duas obras distintas do Espírito Santo na vida dos discípulos de Jesus são normativas para todo cristão. Isto é, todos os autênticos crentes recebem o Espírito Santo ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o batismo no Espírito Santo para receberem poder para serem suas testemunhas (At 1.5,8; 2.4; ver 2.39 nota).
  7. Não há qualquer fundamento bíblico para se dizer que a outorga por Jesus do Espírito Santo em 20.22 era então somente uma profecia simbólica da vinda do Espírito Santo no Pentecoste. O uso do aoristo imperativo para "receber" (ver supra) denota o recebimento naquele momento e naquele lugar.