EVANGELHO DE JESUS CRISTO

terça-feira, 24 de novembro de 2015

DONS MINISTERIAIS PARA A IGREJA (PARTE 2)

O DOADOR
Este versículo alista os dons de ministério (i.e., líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons:
1. Para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão (4.12)
2. Para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o plano de Deus (4.13-16; ver o estudo DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE).
PROFETAS
Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4).
1. O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito Santo, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. As vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava. Cristo e os apóstolos são um exemplo do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2).
2. A função do profeta na igreja incluía o seguinte:
a. Proclamava e interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1 Co 12.10; 14.3).
b. Devia exercer o dom de profecia (ver o estudo DONS ESPIRITUAIS PARA CRENTE).
c. Às vezes, ele era vidente (cf. 1 Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21.10,11).
d. Era dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17). Por causa da sua mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
3. O caráter, a solicitude espiritual, o desejo e a capacidade do profeta incluem:
a. Zelo pela pureza da igreja (Jo 17.15-17; 1 Co 6.9-11; Gl 5.22-25).
b. Profunda sensibilidade diante do mal e a capacidade de identificar e detestar a iniquidade (Rm 12.9; Hb 1.9).
c. Profunda compreensão do perigo dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2 Co 11.12-15).
d. Dependência contínua da Palavra de Deus para validar sua mensagem (Lc 4.17-19; 1 Co 15.3,4; 2 Tm 3.16; 1 Pe 4.11).
e. Interesse pelo sucesso espiritual do reino de Deus e identificação com os sentimentos de Deus (cf. Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo 2.14-17; At 20.27-31).
4. A mensagem do profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de Deus (1 Co 14.29-33; 1 Jo 4.1).
5. Os profetas continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja. A igreja que rejeitar os profetas de Deus caminhará para a decadência, desviando-se para o mundanismo e o liberalismo quanto aos ensinos da Bíblia (1 Co 14.3; cf. Mt 23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52). Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem de repreensão e de advertência denunciando o pecado e a injustiça (Jo 16.8-11), então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito. A política eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito Santo (2 Tm 3.1-9; 4.3-5; 2 Pe 2.1-3,12-22). Por outro lado, a igreja com os seus dirigentes tendo a mensagem dos profetas de Deus, será impulsionada à renovação espiritual. O pecado será abandonado, a presença e a santidade do Espírito serão evidentes entre os fiéis (1 Co 14.3; 1 Ts 5.19-21; Ap 3.20-22).

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O ANTIGO E O NOVO CONCERTO

Os capítulos de 8-10 descrevem numerosos aspectos do antigo concerto tais como o culto, as leis e o ritual dos sacrifícios no tabernáculo; descrevem os vários cômodos e móveis desse centro de adoração do AT. É duplo o propósito do autor:
1. Contrastar o serviço do sumo sacerdote no santuário celestial segundo o novo concerto.
2. Demonstrar como esses vários aspectos do antigo concerto prenunciam ou tipificam o ministério de Cristo que estabeleceu o novo concerto. O presente estudo sintetiza o relacionamento entre esses dois concertos. 
1. Segundo o antigo concerto, a salvação e o relacionamento correto com Deus provinham de um relacionamento com Ele à base da fé expressa pela obediência à sua lei e ao sistema sacrificial desta (ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS, EM BREVE). Os sacrifícios do AT tinham três propósitos principais.
a. Ensinar o povo de Deus a gravidade do pecado. O pecado separava os pecadores de um Deus santo, e somente através do derramamento de sangue poderiam reconciliar-se com Deus e encontrar perdão (Êx 12.3-14; Lv 16.17.11; Hb 9.22; ver Lv 1.2,3 notas; 4.3 nota; 9.8 nota).
b. Prover um meio para Israel chegar-se a Deus mediante a fé, a obediência e o amor (cf. 4.16; 7.25; 10.1).
c. Indicar de antemão ou prenunciar (8.5; 10.1) o sacrifício perfeito de Cristo pelos pecados da raça humana (cf. Jo 1.29; 1 Pe 1.18,19; Êx 12.3-14; Lv 16; Gl 3.19 nota; ver o estudo O DIA DA EXPIAÇÃO EM BREVE).
2. Jeremias profetizou que, um tempo futuro, Deus faria um povo concerto, um melhor concerto, com o seu povo (ver Jr 31.31-34 notas; cf Hb 8.8-12). É melhor concerto do que o antigo (cf. Rm 7) porque perdoa totalmente os pecados dos que se arrependem (8.12), transforma-os em filhos de Deus (Rm 8.15,16), dá-lhes novo coração e nova natureza para que possam, espontaneamente, amar e obedecer a Deus (8.10; cf. Ez 11.19,20), os conduz a um estreito relacionamento pessoal com Jesus Cristo e o Pai (8.11) e provê uma experiência maior em relação ao Espírito Santo (Jl 2.28; At 1.5,8; 2.16,17,33,38,39; Rm 8.14,15,26).
3. Jesus é quem instituiu o novo concerto ou o novo testamento (ambas as idéias estão contidas na palavra grega diatheke - testamento), e seu ministério celestial é incomparavelmente superior ao dos sacerdotes terrenos do AT. O novo concerto é um acordo, promessa, última vontade e testamento, e uma declaração do próprio divino em outorgar graça e bênção àqueles que se chegam a Deus mediante a fé obediente. De modo específico, trata-se de um concerto de promessa para aqueles que por fé, aceitam a Cristo como o Filho de Deus, recebem suas promessas e se dedicam pessoalmente a Ele e aos preceitos do novo concerto.
a. O ofício de Jesus Cristo como mediador do novo concerto (8.6; 9.15; 12.24) baseia-se na sua morte expiatória (Mt 26.28; Mc 14.24; Hb 9.14,15; 10.29; 12.24). As promessas promessas e os preceitos desse novo concerto são expresso em todo o NT. Seu propósito é: (i) salvar da culpa e da condenação da lei todos que creem em Jesus Cristo e dedicam suas vidas às verdades e deveres do seu concerto (9.16,17; cf. Mc 14.24; 1 Co 11.25); e (ii) fazê-lo um povo que seja a possessão de Deus (8.10; cf. 11.19,20; 1 Pe 2.9).
b. O sacrifício de Jesus é melhor que os do antigo concerto por ser um sacrifício voluntário e obediente de uma pessoa justa (Jesus Cristo), e não um sacrifício involuntário de um animal. O sacrifício de Jesus e o seu cumprimento da vontade de Deus foram perfeitos, e, portanto, proveu um caminho para o pleno perdão, reconciliação com Deus e santificação (10.10,15-17; ver Lv 9.8 nota).
c. O novo concerto pode ser chamado o novo concerto do Espírito, porque é o Espírito Santo quem outorga a vida e o poder àqueles que aceitam o concerto de Deus (2 Co 3.1-6; ver Jo 17.3 nota; ver os estudo TERMOS BÍBLICOS PARA A SALVAÇÃO, e FÉ E GRAÇA).
4. Todos os que pertencem ao novo concerto por Jesus Cristo recebem as bênçãos e a salvação oriundas desse concerto mediante sua perseverança na fé e na obediência (ver 3.6 nota). Os infiéis são excluídos dessas bênçãos (ver 3.18,19 nota; ver o estudo A APOSTASIA PESSOAL).
5. Estabelecido o novo concerto em Cristo, o antigo concerto se tornou obsoleto (8.13). Não obstante, o novo concerto não invalida a totalidade das Escrituras do AT, mas apenas as do pacto mosaico, pelo qual a salvação era obtida mediante a obediência à Lei e ao seu sistema de sacrifícios. O AT não está abolido; boa parte da sua revelação aponta para Cristo (ver o estudo CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO), e por ser inspirada Palavra de Deus, é útil para ensinar, repreender, corrigir e instruir na retidão (ver o estudo A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS EM BREVE).

domingo, 22 de novembro de 2015

CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO (PARTE 1)

Um dos ensinos fundamentais do NT é que Jesus Cristo (o Messias) é o cumprimento do AT. O livro de Hebreus mostra que Cristo é o herdeiro de tudo o que Deus falou através dos profetas (Hb 1.1,2). O próprio Jesus asseverou que viera para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17). Após a sua gloriosa ressurreição, Ele demonstrou aos seus seguidores, tendo por base a lei de Moisés, os profetas e os salmos, i.e., as três principais divisões do AT (hebraico) que Deus predissera, há muito tempo, tudo quanto lhe havia sucedido (Lc 24.25-27,44-46). Para melhor compreendermos as profecias do AT a respeito de Jesus Cristo, precisamos ver algo da tipologia bíblica.
PRINCÍPIOS DE TIPOLOGIA
O estudo cuidadoso do AT revela elementos chamados tipos, (do grego typos) que têm seu cumprimento na vinda do Messias (que é o antítipo); noutras palavras, há uma correspondência entre certas pessoas, eventos, ou coisas do AT e Jesus Cristo no NT. Note-se dois princípios básicos concernentes a essa forma de profecia e seu cumprimento:
1. Para um trecho do AT prenunciar a Cristo, é preciso sempre analisar o referido trecho como um acontecimento na história divina da redenção, i.e., devemos primeiramente analisar o trecho do AT sob o aspecto histórico, e então ver de que modo ele prenuncia a vinda de Jesus Cristo como o Messias prometido.
2. É preciso reconhecer que o cumprimento messiânico de um trecho do AT está geralmente num plano espiritual mais elevado do que o evento registrado no AT. Na realidade, os personagens de determinado acontecimento bíblico por certo não perceberam que o que estavam vivenciando era um prenúncio profético sobre o Filho de Deus que um dia viria aqui. Por exemplo, Davi sem dúvida não percebeu que, ao escrever o Salmo 22, seu sofrimento era uma forma de profecia do sofrimento de Cristo na cruz. Nem os judeus expatriados e chorosos que passavam pelo túmulo de Raquel em Ramá (Jr 31.15) sabiam que um dia o seu pranto teria cumprimento profético na morte de todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém (Mt 2.18). Quase sempre, só à luz do NT é que percebe-se que um trecho do AT é uma profecia a respeito de nosso Senhor.